ARACAJU/SE, 2 de dezembro de 2024 , 5:58:47

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Se encontrar o amor, retribua 

 

 

Houve uma época em que pessoas com mais de 50 anos eram consideradas velhas, gastas pelo tempo. Desaceleraram seus ritmos, não tinham planos de vida ou projetos de futuro. Filhos criados, netos, estavam em casa no compasso de espera da libitina.

Hoje, para alegria dos que têm o privilégio de envelhecer, as coisas mudaram, e para muito melhor.

Pessoas com 60, 70 e até 80 anos, estão estudando, empreendendo, se divorciando, casando novamente, assumindo novos relacionamentos, até com pessoas do melhor sexo. Coisas impensáveis até pouco tempo atrás.

O amor é um sentimento permanente no ideário das pessoas. Desde criança, já somos direcionados para sonhar em encontrar “um grande amor” que nos trará não somente a sensação de amar, mas, principalmente, a de ser amado, admirado e desejado. Este é o exemplo de relacionamento idealizado em nossa cultura, que está exposto em filmes, romances, novelas, músicas e no imaginário de muitos.

Enquanto a paixão é um sentimento explosivo, químico e vivenciado geralmente com muita intensidade, gerando alterações no pensamento, no comportamento e no corpo; o amor é um sentimento mais difícil de definir, pois cada um o vivencia de uma maneira muito própria. É chamado de “amor romântico” quando a paixão e o amor se encontram. Esse é um desejo comum à maioria e é uma possibilidade, um sonho alcançável, mas não é a regra. A ideia do amor romântico é a de que dois indivíduos incompletos finalmente se completariam por meio da união entre eles e almejariam viver assim para todo o sempre. Essa é uma dinâmica que funciona somente por algum tempo, pois, durante a juventude, não é possível perceber certos pontos, já que estamos inebriados pela sensação e ilusão de um encontro com nossa completude por meio do outro. Porém, é necessário compreender que uma relação envolve muito mais do que dois indivíduos: envolve também formas particulares de amar, de pensar, valores, comportamentos e sentimentos. Enfim, de desenvolver a forma de olhar.  Em outras palavras, envolve a interação entre dois inteiros e, não entre duas metades.

Visto que cada indivíduo é uma totalidade, há nele um universo próprio que precisa ser descoberto e respeitado pelo outro, jamais anulado. Essa diversidade, quando bem-aceita, transcende ambos. O amor, para sobreviver ao mundo real, precisa de algumas condições essenciais, que não são aquelas idealizadas por uma expectativa fantasiosa. Por isso, muitas vezes só amor não mantém uma relação em um formato saudável: o que não faltam por aí são relacionamentos tóxicos, doentios, insanos ou completamente vazios e solitários. Em tempos de redes sociais, relacionamentos e xibicionistas e vazios são a tona.

Muitos divórcios e crises ocorrem quando nos aproximamos da maturidade, justamente porque nessa fase passamos a sentir a necessidade de sermos aceitos e respeitados em nosso mundo subjetivo. Quando isso não acontece, a compreensão da relação com o outro e da relação com nós mesmos se complica e muitas vezes se esvazia. Nesse momento é provável – e também oportuno – que a relação chegue a um fim ou se transforme em um recomeço.

É precioso investir em um relacionamento maduro, baseado no afeto, respeito, desejo contínuo de conviver (criar um mundo comum entre o casal) e crescimento de ambos. Mas, antes disso, é imprescindível que esse investimento seja feito com nós mesmos, abandonando expectativas de que é preciso alguém para nos amar, completar e salvar. Esse é um trabalho e um aprendizado exclusivo de cada um. Somos totalmente responsáveis por nossa independência emocional, pela construção de uma psique saudável e por nosso caminho na vida. Portanto, não aceite permanecer preso do lado de fora de si mesmo: entre em comun hão com você, com suas dores, com suas lutas, com suas glórias e, principalmente, com sua alma. A vida é construída todos os dias, com escolhas. Escolha ser feliz com os dias que lhe restam.

Descubra-se! Reinvente-se! O amor maduro e genuíno começa dentro de nós mesmos.

Amor é quando “fazer amor” vai muito além do sexo, é muito mais que desejo de corpo, é desejo de alma, é querer ficar junto quando a beleza da pele já foi levada pelo tempo, deixando as linhas dos dias vividos.

“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.” Carlos Drummond de Andrade.

Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.

Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências.

E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br