Por Tirzah Rezende
Setembro marca o início do Second Hand September (ou “Setembro de Segunda Mão”, em tradução livre), uma campanha global de conscientização promovida pela ONG britânica Oxfam, que atua no combate à pobreza e na promoção de soluções sustentáveis para questões globais. Desde 2019, essa iniciativa, realizada durante todo o mês, busca incentivar a moda circular, estimulando consumidores ao redor do mundo a adotar práticas de consumo mais responsáveis.
A escolha de setembro é estratégica, pois coincide com um período de destaque na indústria da moda tradicional. Durante este mês, ocorrem as fashion weeks da temporada primavera/verão 2025 em cidades como Nova York, Londres, Milão e Paris, onde grandes marcas lançam suas novas coleções. Apesar da relevância para o setor, esse foco nas novidades pode impulsionar o consumismo desenfreado e agravar os impactos ambientais.
A Ellen MacArthur Foundation aponta a circularidade como uma das soluções mais eficazes para enfrentar esses desafios. Ao prolongar a vida útil das roupas já existentes, reduz-se a demanda por novos produtos, o que contribui para a preservação de recursos naturais e a diminuição da poluição. No Brasil, o consumo de roupas de segunda mão vem ganhando força, com um número crescente de consumidores engajados com práticas sustentáveis.
Em Aracaju, por exemplo, ainda há certa resistência em relação ao conceito desse negócio, frequentemente devido à falta de informação. Renata Barreto, proprietária do Desapego Fashionista, localizado no bairro Suissa, destaca a importância de transmitir aos seus clientes os benefícios da moda circular. Ela acredita que esse esclarecimento é crucial para fortalecer o negócio e incentivar práticas como reduzir, reutilizar e reciclar, que oferecem vantagens tanto para o meio ambiente quanto para o bolso.
Renata acrescenta: “Gerenciar um brechó traz desafios únicos. Quando comecei em 2019, o estado não tinha tradição nesse tipo de negócio, e o mercado era muito informal. Empreender nesse setor exige criatividade, resiliência e estratégias eficazes para adquirir e vender as peças.”
Dicas para quem está começando a garimpar em brechós
Comprar em brechós tornou-se uma escolha inteligente e cool. Além de ser econômico, é uma prática sustentável. Peças de segunda mão costumam custar entre 70% e 80% menos que itens novos, ajudando a evitar compras impulsivas e permitindo que você construa um guarda-roupa mais funcional com peças versáteis e duráveis.
Outro atrativo é a exclusividade. Muitos brechós oferecem peças únicas e vintage, permitindo que você expresse seu estilo de forma autêntica. Como destaca Renata Barreto, “um brechó com curadoria é um grande aliado do consumidor. Esse trabalho minucioso garante a conservação e boa apresentação das roupas em todas as etapas. Investir em peças com curadoria evita decepções, como encontrar roupas sujas ou rasgadas. Nossa curadoria especializada em moda garante que nossas araras estejam sempre recheadas com peças impecáveis, clássicas e atemporais, que podem ser atualizadas com truques de styling.”
Economia Circular, Redução de Desperdício e Economia de Recursos
Na prática, a campanha da Oxfam incentiva evitar a compra de roupas novas por 30 dias, promovendo o consumo consciente por meio de brechós, aluguel de roupas, trocas e upcycling. O Second Hand September sublinha a importância de prolongar a vida útil dos produtos através da reutilização e reciclagem, contribuindo para a redução do impacto ambiental. A fabricação de novos itens demanda uma grande quantidade de recursos naturais, e optar por peças de segunda mão ajuda a economizar esses recursos.
Renata Barreto complementa: “Para os indivíduos, a moda consciente proporciona economia, um guarda-roupa mais funcional e a oportunidade de expressar melhor a personalidade. Para o planeta, contribui para a redução da poluição, do consumo de recursos, das emissões de gases, do lixo têxtil e da desigualdade social. Optar por escolhas sustentáveis ao se vestir é um ato de empoderamento, estimulando a criatividade e a expressão pessoal.”
No ano passado, tive a oportunidade de fazer voluntariado em uma charity shop da Oxfam na Irlanda. Foi uma experiência enriquecedora que me proporcionou uma visão aprofundada sobre o impacto positivo da Oxfam, tanto local quanto global, e reforçou o espírito de colaboração e solidariedade que impulsiona a organização. Vale lembrar que a Oxfam também possui sede no Brasil, em São Paulo, ampliando seu alcance e impacto no país.
