Setembro Amarelo chega como um grito de alerta. Não é só uma campanha: é um apelo à consciência, à empatia e à responsabilidade coletiva. Falar sobre suicídio é mais do que promover a prevenção. É assumir o compromisso de combater, de enfrentar o tema de frente, sem medo ou preconceito. Combater o suicídio é ir além das ações pontuais, é romper tabus e trazer essa discussão para o centro de nossas vidas: não só nas casas, mas também nas empresas, nas escolas e em todo lugar onde existem pessoas. Afinal, administrar a vida é, antes de tudo, enxergar e cuidar do invisível: nossa saúde mental.
Quando falamos em administração, pensamos em planejamento, produtividade, metas, resultados financeiros. Mas esquecemos o básico: ninguém administra o caos quando não consegue administrar a si mesmo. Transtornos como depressão, ansiedade e síndrome de burnout não escolhem profissão, idade ou cargo. Eles silenciosamente adoecem a mente, minam as forças, espalham cansaço físico e emocional. Mente e corpo são indivisíveis; quando a mente adoece, o corpo sente. E o risco de suicídio se torna dolorosamente real.
Na administração moderna, fala-se tanto em gestão de pessoas, mas quantas vezes lideranças escutam de verdade o silêncio dos seus colaboradores? Quantas empresas oferecem espaços seguros para conversas sobre saúde mental? O índice de afastamentos e doenças ligadas ao emocional só cresce, e o sofrimento psíquico pode ser o início de um caminho perigoso para quem não enxerga saída.
O Setembro Amarelo convida você, então, à reflexão e à ação. Se você é gestor, colega ou amigo, preste atenção aos sinais. Não minimize a dor do próximo com frases prontas ou julgamentos. Ofereça escuta ativa, promova ambientes saudáveis, normalize pedir ajuda. Se você está sofrendo, saiba: ninguém precisa enfrentar a tempestade sozinho. O apoio existe, e pedir socorro é um ato de coragem, nunca de fraqueza.
Cuidar da mente é proteger o corpo e a vida. A prevenção do suicídio não é tarefa apenas de psicólogos ou médicos. É compromisso de todos que desejam construir uma sociedade mais justa, humana e saudável. Viver é resistência, e administrar é, também, aprender a pedir e oferecer ajuda.
É preciso compreender que o sofrimento mental não tem rosto, classe social ou profissão. Ele pode estar no colega ao lado, no gestor exigente, no funcionário dedicado, no estudante aplicado. Muitas vezes, os sinais se escondem atrás de sorrisos, produtividade ou silêncio. Por isso, cada pequeno gesto de atenção pode fazer diferença: perguntar genuinamente como a pessoa está, respeitar limites, criar espaços de diálogo e oferecer apoio. Nessas pequenas atitudes mora o poder de salvar vidas.
Como sociedade, precisamos encarar a saúde mental como prioridade, investindo em ações contínuas de apoio, informação e acolhimento. Empresas devem entender que ambientes saudáveis e abertos ao diálogo reduzem o estigma, diminuem afastamentos e promovem qualidade de vida. Nas famílias, falar sobre sentimentos precisa deixar de ser tabu. E, para cada um de nós, entender nossos próprios limites e pedir ajuda deve ser visto como um ato de coragem, não de vergonha.
Que nessa campanha do Setembro Amarelo, o ato de transformar informação em atitude, escuta em acolhimento, e cuidado em um novo jeito de viver e conviver seja real. Afinal, nenhuma meta vale uma vida. E todo ser humano vale o esforço de ser resgatado do silêncio.