ARACAJU/SE, 16 de setembro de 2024 , 15:58:45

Um Olhar para as Capacidades Sensoriais e o Fim do Capacitismo

Pude participar nesta semana, junto com o presidente da Fecomércio, Marcos Andrade, de um evento que muito me chamou a atenção nos aspectos direcionados para a economia familiar, empresarial e do mercado de trabalho. O workshop “Inclusão Produtiva para Pessoas com Deficiência”, discutiu sobre o tema da inclusão produtiva versus o capacitismo, com participação de diversos agentes protagonistas dos setores público e privado, a exemplo do Ministério Público do Trabalho (MPT-SE), Secretaria de Estado de Trabalho e Empreendedorismo (Seteem), Secretaria Nacional de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, entre outros organismos.

Como sou uma pessoa com deficiência, esse tema sempre me recorre de modo a pensar em métodos que possam ser desenvolvidos para melhorar o acesso desse público ao mercado de trabalho. Entretando, existem barreiras que devem ser transpostas e vencidas, para que possamos criar cada vez mais uma sociedade justa e igualitária. 

A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho é um tema cada vez mais urgente e relevante. Ao longo dos anos, avanços legislativos e sociais têm sido conquistados, mas ainda há muito a ser feito para que a inclusão seja uma realidade plena e efetiva. É preciso romper com paradigmas antigos e valorizar as capacidades, em especial as sensoriais, que as pessoas com deficiência trazem para o ambiente de trabalho.

O capacitismo, ou seja, a discriminação e a desvalorização das pessoas com deficiência, é um fenômeno profundamente arraigado na sociedade. Ele se manifesta de diversas formas, desde a negação de oportunidades de emprego até a criação de barreiras arquitetônicas e atitudinais. Essa forma de preconceito limita não apenas as pessoas com deficiência, mas também as empresas, que deixam de contar com um vasto reservatório de talentos.

É fundamental entender que as pessoas com deficiência possuem habilidades e competências únicas, muitas vezes aprimoradas em razão de suas experiências de vida. As capacidades sensoriais, por exemplo, podem ser um diferencial em diversas áreas. Pessoas com deficiência visual, por exemplo, podem desenvolver um tato e um ouvido mais aguçados, o que as torna excelentes profissionais em áreas como a música e a massoterapia. Já as pessoas com deficiência auditiva, muitas vezes, possuem uma capacidade de leitura labial e de interpretação de linguagem corporal superior à média, o que as torna excelentes comunicadoras e negociadoras.

A tecnologia tem um papel fundamental a desempenhar na inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Softwares de acessibilidade, dispositivos assistitivos e plataformas online permitem que pessoas com diferentes tipos de deficiência tenham acesso às mesmas oportunidades que as demais. Além disso, a tecnologia pode ser utilizada para criar ambientes de trabalho mais inclusivos e colaborativos, onde todos se sintam valorizados e respeitados.

No campo da administração, a inclusão da pessoa com deficiência traz diversos benefícios. Empresas que investem em diversidade e inclusão tendem a ser mais inovadoras, mais produtivas e mais atrativas para talentos. Além disso, a inclusão da pessoa com deficiência contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

É importante ressaltar que a inclusão não se resume apenas à adaptação do ambiente físico e à oferta de vagas. É preciso criar uma cultura organizacional que valorize a diversidade e que promova a inclusão em todos os níveis da empresa. Isso inclui a realização de treinamentos para os colaboradores, a criação de políticas de acessibilidade e a promoção de um ambiente de trabalho livre de preconceitos.

A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho é um imperativo ético e social. Ao valorizar as capacidades sensoriais e a diversidade, as empresas podem construir equipes mais fortes e inovadoras, além de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É hora de superarmos os preconceitos e de reconhecermos que as pessoas com deficiência têm muito a oferecer.