Com o lema “Que país é esse, que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”, integrantes da Igreja Católica, grupos religiosos de matriz afro, movimentos sociais, organizações populares, entidades sindicais, representações estudantis e de juventude e coletivos de direitos humanos confirmaram ontem no último dia (28), a realização da 21ª edição do Grito dos excluídos que acontece todos os anos no dia 7 de setembro, após o desfile cívico.
A edição deste ano irá levar a conhecimento da população questões como a democratização dos meios de comunicação, atuação do Estado, extermínio da juventude, redução da idade penal, diálogo inter-religioso, políticas sociais e articulação entre movimentos populares.
“Desde 1994 que a igreja católica organiza o Grito dos Excluídos e assim estamos dando passos cada vez mais significativos, sensibilizando o povo brasileiro para essa realidade tão dura da exclusão social, de tantas pessoas sem direito à vida que é o grande dom de Deus. Todos nascemos para uma vida plena, com direito a saúde, educação, dignidade e infelizmente boa parte dos nossos irmãos não vive essa realidade”, diz Dom João José Costa, arcebispo coadjunto.
A escolha do Dia da Independência do Brasil para o desfile do Grito dos Excluídos é uma forma de mostrar que de fato não existe independência no país. “Diante de um momento tão significativo do nosso calendário cívico, a Independência do Brasil, mostra que nosso país é independente, significaria que todo povo brasileiro teria que ter sua dignidade respeitada, moradia, alimentação, saúde, escola de qualidade e seus direitos sociais assegurados, mas infelizmente ainda não é essa realidade que vivenciamos”, aponta o arcebispo.
MST
O Movimento Sem Terra (MST) participa do ato desde a primeira edição. De acordo com Gislene Reis, representante do movimento, o Grito dos Excluídos abre espaço e dá voz aos movimentos sociais e populares. “Além das nossas lutas, defendemos também a justiça social, somos contra a redução da maioridade penal, somos contra a violência contra a mulher, porque nós sofremos isso no campo e queremos educação, saúde e segurança no campo para que lá possamos crescer e se desenvolver sem precisar migrar para as cidades”, ressalta.
Dom João lembra a população que o Grito dos Excluídos não é um movimento político partidário e convida a toda a sociedade a participar e lutar por mais dignidade no país.
“Naturalmente que gritar em defesa da vida é um ato político, mas não partidário. É uma política em defesa da vida e quero que todos se sintam convocados a participar e dêem uma resposta positiva. Precisamos nos unir, temos que ter humanidade e lutar contra a desigualdade e injustiça em defesa dos nossos irmãos”, enfatiza.
A concentração do Grito dos Excluídos acontece no dia 07 de setembro às 9h na Praça Fausto Cardoso em frente a prédio do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE).
Por Karla Pinheiro
Foto: Divulgação