O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Sergipe (Sindpen), Edilson Souza, pediu rigor na apuração das declarações feitas por um detento que se entregou ao Grupo de Operações Penitenciárias, após participar da fuga em massa do presídio Regional Senador Leite Neto, em N. Sra. da Glória, no que diz respeito à participação de agentes carcerários na facilitação da entrada de um revólver, utilizado para a fuga de 20 presos.
O detento, em delação à Polícia Civil, a qual está à frente das investigações, disse que foi acertado um preço entre R$20 e R$25 mil para que as armas (uma de calibre .38, outra .380, e uma .40) chegassem ao presídio sem levantar suspeitas.
“Já esperávamos essas acusações. O descaso do Governo com o sistema prisional é tanto que, certamente, teria que sobrar para alguém. Não podemos pré-julgar ninguém por enquanto. Mas esperamos as investigações e que não passe de um blefe, porque não sabemos de que forma esse detento prestou o depoimento e a quem prestou o depoimento. Enquanto ele estiver na polícia, ele fala o que bem entende”, destacou o sindicalista.
Estrutura defasada
Edilson Souza disse ainda criticou a falta de estrutura nas penitenciárias sergipanas. “O presídio de Glória há apenas oito guaritas, mas apenas uma ou duas estão funcionando. Para se jogar qualquer material ilícito é muito fácil e isso ocorre diariamente em todos os presídios. Não podemos fazer um pré-julgamento da categoria antes das investigações”, expôs, ao revelar que o diálogo entre Governo e sindicato avançou no que concerne a melhorias para a categoria, a exemplo da compra de equipamentos, do Plano de Cargos e Salários, além da abertura de concurso público para preencher 500 vagas.
“Queremos que os fatos sejam apurados com rigor, para que a imagem dos demais agentes não seja manchada”, concluiu Edison.
Punição
O secretário de Estado da Justiça, Antônio Hora, disse que custa a acreditar no envolvimento de algum servidor na entrada de armas dentro da unidade prisional.
“Isso é inadmissível. Caso a investigação policial chegue a uma conclusão com provas, essas pessoas devem ser punidas. Essa categoria é formada por homens de bem. Seu Antônio, que veio a óbito, ele foi uma pessoa bem conceituada, inclusive na relação com os detentos. As investigações estão por conta da Polícia Civil. Espero que a conclusão apresente a verdade”, afirmou o gestor.
Sobre a defasagem salarial e as péssimas condições de trabalho por que passa os agentes prisionais, o secretário disse que reconhece todos os pleitos da categoria.
“A categoria do guarda prisional compõe um composto de segurança pública e eles não tiveram reajuste salarial no passado recente, as condições de serviço são precárias em decorrência da superlotação carcerária. O Estado tem consciência que precisa fazer algo. Essa fuga em Glória é um fato atípico. Precisamos identificar como essa arma de fogo chegou lá par evitar que os outros casos semelhantes voltem a acontecer”, posicionou-se.