A nota de R$ 100 era a de maior denominação quando o real foi lançado, em julho de 1994. Desde então, perdeu 86,09% de seu poder de compra. Isso quer dizer que, descontada a inflação, a nota de R$ 100 compra, hoje, o mesmo que seria possível comprar, há 28 anos, com apenas R$ 13,91.
Os cálculos são do economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores.
Com a inflação acumulada entre julho de 1994 e junho deste ano em 653,06%, para ter o mesmo poder de compra da nota de R$ 100 em julho de 1994, o consumidor teria de gastar hoje R$ 748,04, destaca o economista.
28 anos de real
O real completa 28 anos de existência neste mês. A nova moeda nasceu com a implantação do Plano Real, em 1994, que marcou o final do período de instabilidade monetária e de taxas de inflação galopantes, que chegaram a atingir 5.000% ao ano, de julho de 1993 a junho de 1994.
O real foi a quinta moeda à qual os brasileiros tiveram que se acostumar em uma década e após quase uma dezena de planos econômicos fracassados.
De acordo com o IBGE, entre 1980 e 1994, quando os brasileiros conviveram com a hiperinflação, o índice acumulado foi de 13.342.346.717.671,70%.
A maior variação mensal do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, foi em março de 1990 (82,39%), enquanto a menor variação foi em agosto de 1998 (-0,51%), destaca o instituto.
O salário mínimo em notas de R$ 100
Em julho de 1994, o salário mínimo era de R$ 64,79. Naquela época, a nota de R$ 100 cobria o valor e ainda restavam R$ 35,21 no bolso do trabalhador.
Atualmente, o salário mínimo tem o valor de R$ 1.212. Ou seja, são necessárias 12 notas de R$ 100 mais R$ 12 para inteirar o valor.
Apesar disso, o poder de compra do salário mínimo mais que dobrou no período: de lá para cá, o mínimo subiu 1.770% no período, enquanto a inflação foi de 653,06%. Desde 2020, no entanto, o mínimo não tem tido mais ganho real sobre a inflação.
“O real tem perdido muito valor durante essas últimas quase três décadas, mas sua implementação foi imprescindível para pararmos de conviver com inflações de três, quatro dígitos ao ano, em décadas anteriores em que economistas quebravam a cabeça para combater a hiperinflação”, diz Imaizumi.
De acordo com o economista, a inflação, hoje um problema mundial e que afeta principalmente economias mais fracas como a nossa, voltou a ser sentida com mais força pelos brasileiros, sobretudo pelos mais pobres. Isso porque a alta de preços, além de estar espalhada na maioria dos bens e serviços consumidos, está pesando mais em itens de essenciais, como alimentos, transporte (principalmente combustíveis), contas de água e luz.
“Além de tudo, a incipiente recuperação da renda do trabalho ocorre de maneira lenta. Ou seja, os reajustes nos salários não acompanham a inflação elevada”, conclui.
Fonte: G1/Globo