ARACAJU/SE, 4 de fevereiro de 2025 , 18:10:36

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Após México, Canadá faz acordo com EUA, e tarifas ficarão suspensas por um mês

 

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou nesta segunda-feira (3) que chegou a um acordo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para suspender a imposição de tarifas entre os países por pelo menos 30 dias.

Na sexta-feira (31), os EUA confirmaram a imposição de tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá e do México, além de taxas de 10% para a China. No sábado, Trudeau decidiu retaliar a política de Trump, aplicando de volta taxas de 25% sobre produtos dos EUA.

Nesta segunda, o primeiro-ministro canadense disse ter tido “uma boa conversa” com Trump, e destacou que o país está implementando seu plano de fronteira com os EUA, no valor de US$ 1,3 bilhão, para “interromper o fluxo de fentanil”.

“Quase 10 mil funcionários da linha de frente estão e estarão trabalhando na proteção da fronteira”, afirmou o primeiro-ministro, em publicação na rede social X.

“Além disso, o Canadá está assumindo novos compromissos para nomear um “Czar do Fentanil”, listar os cartéis como terroristas, garantir vigilância 24 horas na fronteira, lançar uma Força-Tarefa Conjunta Canadá-EUA para combater o crime organizado, o fentanil e a lavagem de dinheiro.”

“As tarifas propostas serão suspensas por pelo menos 30 dias enquanto trabalhamos juntos”, concluiu.

Donald Trump afirmou em sua plataforma Truth Social que o Canadá concordou em garantir que os dois países tenham “uma fronteira norte segura” para “finalmente acabar com a praga mortal de drogas como o fentanil”.

O presidente norte-americano voltou a dizer que a substância tem “inundado” os EUA, “matando centenas de milhares de americanos”.

“É minha responsabilidade garantir a segurança de todos os americanos, e é exatamente isso que estou fazendo. Estou muito satisfeito com este resultado inicial, e as tarifas anunciadas no sábado [1º] serão suspensas por um período de 30 dias para ver se um acordo econômico final com o Canadá pode ser estruturado”, declarou o republicano.

México fechou acordo mais cedo

O anúncio de Trudeau vem poucas horas após a presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmar que chegou a um entendimento com Trump para pausar, também por um mês, as tarifas anunciadas pelo republicano contra o país.

Em entrevista a jornalistas, a presidente mexicana disse que os chefes de Estado entenderam que essa seria a melhor forma de continuarem competitivos com a China e outras nações do mundo. Segundo ela, o México passa a ter três mesas de trabalho conjuntas com o governo norte-americano.

“Já temos uma mesa com a Secretaria do Departamento dos Estados Unidos, onde o subsecretário está trabalhando fortemente para a defesa dos nossos irmãos mexicanos e sobre todos os temas que tenham a ver com imigração.”

“Agora, se abrem duas novas mesas de trabalho, uma para tratarmos sobre o tema de segurança e outra sobre o tema de comércio”, acrescentou Sheinbaum. “Teremos um mês para trabalhar e convencer a todos que esse é o melhor caminho”.

Olho por olho

No sábado (1º), Trudeau afirmou que as tarifas prejudicariam os norte-americanos, aliados de longa data. Além disso, encorajou a população canadense a comprar produtos nacionais e a passar férias no Canadá, em vez de nos EUA.

Ele mencionou que as tarifas de 25% afetariam uma variedade de produtos, incluindo cerveja, vinho, bourbon, frutas, sucos de frutas (como o suco de laranja da Flórida), além de roupas, equipamentos esportivos e eletrodomésticos.

Trudeau também afirmou que o governo estuda medidas não tarifárias, incluindo restrições ligadas a minerais críticos, aquisição de energia e outras parcerias.

Tarifaço de Trump

Na sexta-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou que os EUA iriam impôr, a partir do sábado (1º), tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá e do México, além de taxas de 10% para a China.

A imposição de tarifas pelos EUA está alinhada com as promessas do presidente Donald Trump de taxar seus três principais parceiros comerciais. São países que os EUA têm déficit na balança comercial, ou seja, gastam mais com importações do que recebem com exportações.

Segundo Trump, a aplicação de tarifas visa lidar com déficits comerciais e problemas nas fronteiras, como a travessia de migrantes sem documentos e o tráfico de fentanil. Ele também afirmou que irá impor taxas sobre a União Europeia, mas não detalhou a alíquota ou quando isso acontecerá.

Até sexta-feira, Trump não havia adotado medidas concretas de taxação, o que vinha gerando reflexos positivos nos mercados emergentes, incluindo o Brasil.

Nesta segunda-feira, o mercado reagia com cautela e o dólar ganhava força globalmente, temendo que a troca de tarifas fosse o início de uma guerra comercial que poderia aumentar os preços dos produtos e dificultar a redução dos juros pelos bancos centrais.

Medidas como o aumento de tarifas de importação e a política anti-imigração de Trump podem gerar mais inflação nos EUA. Além disso, a renúncia de impostos para favorecer as empresas norte-americanas é vista como um risco para as contas públicas do país.

Esses fatores indicam que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, terá mais dificuldade de controlar os preços, mantendo os juros elevados no país no país.

O cenário afeta o Brasil porque juros mais altos nos EUA fazem os títulos públicos norte-americanos renderem mais. Isso atrai investidores, que levam recursos para os EUA, valorizando o dólar frente a outras moedas. Esse conjunto de eventos altera o fluxo de investimentos no mundo todo.

A fuga de capital pode levar o Banco Central (BC) a elevar a taxa Selic no Brasil, impactando negativamente a atividade econômica brasileira. Além disso, o Brasil pode ser afetado por uma desaceleração da economia chinesa caso Trump confirme taxações elevadas contra os asiáticos.

Outro reflexo para o Brasil é a possível sobreoferta de produtos chineses. Com os EUA importando menos do país, itens manufaturados asiáticos (com preços muito mais baixos) tendem a buscar outros mercados.

Fonte: G1

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