Que a prática de atividade física faz bem à saúde, isso todo mundo já ouviu falar, mas diante do seu potencial, sempre vale lembrar e reforçar as evidências comprovadas por estudos científicos. Uma pesquisa recente publicada no periódico científico BMJ Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry destaca que a prática de atividade física, independentemente da intensidade, pode reduzir o risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral) em até 30%. “As pessoas devem ser encorajadas a serem fisicamente ativas, mesmo nos níveis mais baixos”, ressaltam os pesquisadores.
Uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo, o AVC causou o óbito de 39.345 brasileiros de janeiro a 20 de agosto, segundo os dados mais recentes do Portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela ARPEN Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais). O número equivale a seis óbitos por hora, estatística alarmante, ainda mais quando 90% dos AVCs podem ser prevenidos se controlados os fatores de risco, além da adoção de hábitos saudáveis.
E de que maneira a prática de atividade física auxilia nessa prevenção? “O exercício regular melhora a circulação sanguínea, ajudando a manter a pressão arterial em níveis saudáveis. Isso é fundamental, pois a hipertensão é um dos principais fatores de risco para AVC. Além disso, a prática de atividades físicas auxilia no controle do peso, combatendo a obesidade, que também está intimamente ligada ao aumento do risco”, explica a pesquisadora e neurologista, Dra. Sheila Ouriques Martins, que preside a Rede Brasil AVC e a World Stroke Organization (WSO).
A especialista lembra que outro ponto importante é a influência do exercício sobre os níveis de colesterol. “Com a atividade física, há um aumento do colesterol HDL (o “bom”) e uma diminuição do LDL (o “ruim”), promovendo uma saúde vascular melhor. Paralelamente, o controle da diabetes é favorecido pela atividade física, uma vez que ela melhora a sensibilidade à insulina e ajuda a regular os níveis de glicose no sangue”, fala.
Além dos benefícios físicos, a atividade física também atua como um importante agente redutor do estresse e da ansiedade. A liberação de endorfinas durante o exercício melhora o humor e a saúde mental, fatores que podem influenciar a saúde cardiovascular de forma positiva.
“Também vale destacar que o fortalecimento do coração e dos vasos sanguíneos resulta em uma maior eficiência cardiovascular, reduzindo assim as chances de problemas que podem levar a um AVC”, salienta.
Benefícios pós-AVC: E não é somente na prevenção que a prática de atividades físicas e importante aliada. Em pessoas que sofreram um episódio de AVC, treinos curtos de alta intensidade pode ser muito eficazes para melhorar o condicionamento físico, segundo mostra um estudo da McMaster University, em Hamilton, no Canadá, publicado no mês de agosto, na Revista Científica Stroke.
Uma parte do grupo realizou exercícios intervalados de alta intensidade (HIIT). A cada um minuto de HIIT, os voluntários intercalavam um minuto de exercícios de baixa intensidade, totalizando 19 minutos de atividade física, três dias na semana. A outra metade treinava de 20 a 30 minutos de forma ininterrupta, em intensidade moderada, também três dias na semana.
Independentemente do treinamento, os dois grupos obtiveram melhora na resistência à caminhada, medida pela distância percorrida em seis minutos. O diferencial foi o nível de aptidão cardiorrespiratória, ou seja, a quantidade de oxigênio consumida no pico do exercício. Os praticantes do HIIT melhoraram seu consumo em aproximadamente 3,5 mililitros de oxigênio em um minuto, por quilo de peso corporal, contra 1,7 dos demais. O consumo de oxigênio durante a atividade física indica a aptidão aeróbica, que está associado a uma maior longevidade e a uma redução nos riscos de doenças cardiovasculares.
“Você pode se desafiar ou formar equipes para atingir uma meta, tendo como objetivo essa questão fundamental: incorporar a atividade física à rotina diária não apenas promove um corpo mais saudável, mas também se configura como uma estratégia eficaz na redução dos riscos de AVC. Mover-se é, sem dúvida, um passo vital para cuidar do coração e da mente”, conclui Dra. Sheila.