Em um ano, a taxa de frequência escolar de crianças entre 0 e 3 anos alcançou 39,7% no Brasil, enquanto o grupo de 4 a 5 anos atingiu 93,5%.
Os dados estão na SIS (Síntese de Indicadores Sociais), divulgada nesta quarta-feira (3) de dezembro, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O levantamento anual reúne números que destacam a realidade em sala de aula e os desafios que norteiam os rumos da educação brasileira.
Os dados apresentados no relatório revelam que, em 2024, uma criança de 0 a 3 anos na região Sudeste tinha mais que o dobro de chances de frequentar a educação infantil do que uma criança no Norte do país.
Ainda quando o assunto é frequência escolar na infância, o documento revela aumento no percentual de crianças de 0 a 5 anos de idade que não frequentavam escola por opção dos pais ou responsáveis: 0 a 3 anos (59,9%) e de 4 a 5 anos (48,1%).
Importância de políticas públicas
Historicamente, década após década, um dos maiores impasses educacionais enfrentados pelo poder público diz respeito ao atraso escolar.
No relatório deste ano, o IBGE indica que, ao contrário da perspectiva de superação do marcador, o atraso escolar das crianças de 6 a 10 anos de idade aumentou, tendo a Taxa de Frequência Escolar Líquida (equação entre idade e etapa) passado de 95,7% para 90,7% entre 2019 e 2024.
A coordenadora de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, Natália Fregonesi, reforça a importância de investimento na educação pública. “A concentração da maioria das matrículas da educação básica nas redes estaduais e municipais evidencia a importância de assegurar recursos adequados e uma gestão eficiente para promover o progresso e garantir uma educação de qualidade com equidade no Brasil.”
Evasão e analfabetismo
Aproximadamente 8,5 milhões de jovens com idades entre 15 e 29 anos abandonaram o ensino médio em 2024, sugerem os números divulgados pela IBGE.
Esse marcador dialoga diretamente com o cenário em que o Nordeste apresenta taxa de analfabetismo duas vezes maior do que a média nacional (5,3%), com 11,1% das pessoas de 15 anos ou mais sem saber ler e escrever sequer um bilhete simples.
“Em 2024, a média de anos de estudo de todos os jovens de 18 a 29 anos foi 11,9, um avanço de 0,8 em relação a 2016, muito próximo dos 12 anos almejados pela Meta 8 do PNE”, indica o relatório.
Desigualdade educacional
A especialista reflete que as taxas de conclusão básica no país, apesar dos avanços, ainda apresentam disparidades significativas. “Jovens brancos e de maior poder aquisitivo apresentam taxas de conclusão do ensino médio superiores às de jovens negros e de menor poder aquisitivo, demonstrando a persistência da desigualdade educacional”, destaca Natália.
A coordenadora reforça que os resultados do estudo chamam a atenção para a importância de políticas públicas que garantam o acesso, a permanência, a aprendizagem e a conclusão da educação, especialmente para os grupos historicamente vulneráveis. “O novo Plano Nacional de Educação representa uma oportunidade significativa para acelerar o progresso, com foco intencional na superação das desigualdades que ainda caracterizam a educação básica no Brasil”.
O projeto de lei, que prevê uma série de ações visando garantir a qualidade do ensino, além de combater o analfabetismo, está em tramitação no Congresso.
Fonte: CNN Brasil





