Da redação, Joângelo Custódio
Os dados são alarmantes. Estima-se que 288 milhões de animais, entre silvestres e domesticados, já foram atropelados em rodovias brasileiras somente este ano, causando diversos tipos de acidentes aos condutores, segundo estimativas do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras (MG).
Em Sergipe, de acordo com informações repassadas com exclusividade ao portal AJN1 pelo Núcleo de Registros de Acidentes e Medicina Rodoviária da Polícia Rodoviária Federal (PRF), de janeiro a julho de 2016, foram 10 acidentes por atropelamento nesse segmento, deixando 11 pessoas feridas. Em 2015, os acidentes por atropelamento animal somaram 35, com saldo de uma pessoa morta e 12 feridos. Já o número de animais mortos totalizou 45 nesses últimos 19 meses, sem contar os não notificados.
Os prejuízos são incalculáveis para ambos os lados, já que, quando bichos de médio e grande parte estão envolvidos em choque com veículos, geralmente o acidente é sério. Outra consequência deste índice alarmante é a aceleração do processo de aniquilamento da biodiversidade no país.
BRs
De acordo com a PRF, é na BR-101 onde acontecem mais atropelamento animal: são 31 nos últimos 19 meses, contra 14 na BR-235. Dentre os municípios que figuram como cenários mais corriqueiros estão: Estância, Itaporanga D'Ajuda, Nossa Senhora do Socorro, Rosário, Laranjeiras, Muribeca, Itabaiana e Areia Branca.
Espécies
Quase metade das ocorrências envolvem equinos. Em segundo lugar, os asininos e, em menor número, os bovinos. Os médios vertebrados, como cachorros e gatos, e pequenos vertebrados, como sapos e cobras, embora não causem muitos danos no momento do impacto, são, de modo informal e não contabilizado, os mais atropelados.
Orientação
De acordo com a assessoria de Comunicação da PRF, o risco com esse tipo de acidente já foi amplamente divulgado à população, com ações educativas, mas diversas pessoas insistem na prática de abandonar deliberadamente animais próximos à pista.
“Outros amarram inadequadamente seus animais, que também acabam alcançando a via. A ideia dos donos é que a fartura e diversidade da vegetação às margens das BR's supre as necessidades de alimentação e gera economia nos custos com ração. Um dos maiores problemas nos acidentes envolvendo animais é a identificação do proprietário, que por vezes não se apresenta para fugir de eventual responsabilização. Percebendo a presença ostensiva da Polícia no combate dessa prática, migram para outros locais em busca de novos pastos, dificultando assim o posicionamento de sinalização fixa”, diz a assessoria.
"Animais fora da pista"
Por esse motivo, a PRF implantou em 2013 o projeto ''Animais fora da pista'', o qual buscou a parceria de alguns municípios para obtenção de laçadores e currais. Atualmente, a PRF conta com 3 caminhões boiadeiros que atuam em regime de escala e por demanda. Quase 60 animais são recolhidos semanalmente nas rodovias federais de Sergipe.
O projeto já conseguiu uma redução de cerca de 70% no número de acidentes com animais e viabiliza a responsabilização de diversos proprietários, qualificados em boletins de ocorrências encaminhados ao Ministério Público.
O que fazer quando atropelar um bicho na estrada?
O acidente com animal em BR é tratado como qualquer outro acidente viário. Exige que sejam tomados os cuidados com a sinalização do local para evitar novas colisões, bem como o acionamento de equipes especializadas como PRF, Samu e, se necessário, Corpo de Bombeiros, explica a PRF.
Uma informação importante é que a população não precisa esperar a ocorrência do acidente para acionar a Polícia. Preventivamente, qualquer pessoa pode ligar para o número de emergência da PRF 191 ao visualizar animais soltos em rodovias federais, informando local, quantidade de animais e quaisquer outras características que auxiliem a equipe responsável pelo recolhimento.
Outra iniciativa interessante é a sinalização provisória com triângulo, vegetação ou ''piscando'' os faróis até a chegada dos policiais ao local. Intervenções que visem tanger os animais para longe da via só devem ser feitas com segurança e muita cautela, a fim de evitar que eles se assustem e corram para a pista de rolamento.