Entre abril e junho deste ano, o Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBMSE) registrou 157 casos de queimaduras causadas por caravelas e águas-vivas, um aumento de 554% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 24 ocorrências.
Caravelas e águas-vivas são organismos do filo Cnidaria e possuem toxinas que, ao entrar em contato com a pele, podem causar irritações e reações alérgicas. Esses animais são movidos principalmente pelo vento e pelas correntes oceânicas, uma vez que não têm mecanismos próprios de locomoção.
O sargento Marino, chefe de guarnição e guarda-vidas do CBMSE, informa que, em julho, a maioria das queimaduras foram provocadas por caravelas, especialmente com o aumento do fluxo de turistas. “Embora a maior parte das queimaduras seja leve, algumas podem resultar em reações alérgicas graves, como o fechamento da glote, que exige atendimento médico imediato”, alerta Marino.
Para tratar queimaduras, é recomendado lavar a área afetada com água do mar e, se possível, aplicar vinagre. “Não se deve esfregar a pele nem usar água doce, pois isso pode espalhar o veneno”, adverte Marino. O Corpo de Bombeiros está instalando placas roxas nas praias para alertar os banhistas sobre a presença desses animais marinhos.
O médico Bruno Cintra, coordenador da Unidade de Tratamento de Queimados do Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), orienta que, ao sofrer uma queimadura, o local deve ser lavado com água do mar. “Queimaduras causadas por água-viva são químicas e necessitam de diluição da substância com lavagem abundante. É crucial buscar atendimento médico, especialmente se a queimadura for extensa ou em áreas sensíveis”, explica Cintra. Ele também recomenda evitar a exposição solar nos meses seguintes para prevenir o escurecimento da cicatriz e usar óleo de girassol para auxiliar na cicatrização, além de analgésicos para controlar a dor.
Andreia Moura Beltrão, bióloga da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), aponta que a presença de caravelas e águas-vivas é mais comum durante o verão, quando as águas estão mais quentes. “Mesmo no inverno, as temperaturas elevadas podem causar o surgimento desses animais, o que pode indicar um desequilíbrio ecológico possivelmente associado ao aquecimento global”, explica Beltrão.
A bióloga destaca as diferenças entre águas-vivas e caravelas: “Águas-vivas têm uma aparência gelatinosa e se movem de forma independente. Já as caravelas possuem uma estrutura azulada chamada pneumatóforo, que funciona como uma boia e permite a movimentação com o vento e as correntes”.
*Com informações Secom