O Banco do Brasil (BBAS3) registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no 2º trimestre de 2025. O número é 60,2% menor que o registrado um ano antes.
As expectativas com o balanço do BB pioraram nas últimas semanas depois que o Banco Central divulgou os resultados mensais das instituições financeiras. No documento, o lucro líquido do Banco do Brasil em maio frustrou o mercado, levando as casas a revisarem suas projeções. BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de EXAME) passou a prever cifra de R$ 5 bilhões na linha final do balanço. Em uma pesquisa realizada pelo Safra, de 33 investidores locais, 63% previam lucro entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões.
A margem financeira bruta do banco no segundo trimestre foi de R$ 25,06 bilhões, com queda anual de 1,9%. A receita de prestação de serviços somou R$ 8,8 bilhões, com queda de 1%.
O custo do crédito, por outro lado, dobrou de um ano para o outro para R$ 15,9 bilhões.
O Banco do Brasil terminou o trimestre com uma carteira de crédito de R$ 1,29 trilhão. Do total, R$ 468 bilhões respondem a pessoas jurídicas, R$ 404,9 bilhões ao agronegócio e R$ 342,6 bilhões de pessoas físicas.
O índice que mede o retorno sobre patrimônio do banco (ROE) ficou em 8,4%, muito abaixo da previsão do BTG (de 15%).
Não é de hoje que o mercado tem revisado os lucros do banco para baixo e o motivo das mudanças nas projeções é, principalmente, a inadimplência do agronegócio, que tem pressionado a rentabilidade. Os empréstimos com mais de 90 dias de atraso ao setor, passaram de 3,04% no primeiro trimestre para 3,49% ao final de junho. A inadimplência acima de 30 dias foi de 4,11% para 5,53%.
Isso ajudou a deteriorar a inadimplência da carteira de crédito expandida, que foi de 3,85% a 4,21% nos empréstimos com atrasos de mais de 90 dias.
Projeções revisadas
O Banco do Brasil revisou o guidance formal para 2025 e agora prevê lucro líquido ajustado entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões. A projeção anterior, antes de ser suspensa pelo BB, estava entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões.
E essa foi apenas uma das revisões feita pelo banco. O BB também prevê uma desaceleração de crescimento em toda a sua carteira de crédito.
- Carteira de crédito: de 3% a 6% (ante 5,5% e 9,5%)
- Carteira pessoa física: de 7% a 10% (ante 7% e 11%)
- Carteira empresas: de 0 a 3% (ante 4% e 8%)
- Carteira de agronegócios: de 3% a 6% (ante 5% e 9%)
O guidance para a margem financeira bruta está entre R$ 102 bilhões e R$ 105 bilhões. O custo de crédito, entre R$ 53 bilhões e R$ 56 bilhões. Somente as projeções de receitas de prestação de serviços e despesas administrativas foram mantidas.
Dividendos minguaram
O payout, percentual do lucro distribuído aos acionistas, foi revisado para baixo e passou para 30%.
“O BB comunica, ainda, que considerando a necessidade de convergência para o novo payout, os pagamentos de juros sobre capital próprio referente ao primeiro semestre de 2025 já foram realizados integralmente em 21 de março e 12 de junho de 2025”, afirmou o banco, em fato relevante divulgado junto com o balanço.
O cronograma de pagamentos previsto para o segundo semestre de 2025 permanece inalterado, diz o BB.
Fonte: Exame