Cada vez mais donos de pets substituem rações industrializadas por dietas in natura, prática que promete mais longevidade e bem-estar dos animais de estimação, especialmente os cachorros. Cabeça de pato, fígado, rim, orelha de coelho e pés de galinha se tornaram comuns no dia a dia de animais domésticos.
Em 2024, o mercado pet movimentou R$ 75,4 bilhões no Brasil, sendo que os alimentos industrializados responderam por R$ 40,8 bilhões (54,1% do total do setor), segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Mesmo com a alta demanda por rações e sachês, a alimentação natural vem se popularizando entre os tutores.
Focados no crescimento do mercado de bem-estar animal voltado à nutrição, negócios como Fresh4Pet, Amordida e Pegada Natural ampliaram seus catálogos, incluindo opções com baixas calorias (low carb) e cuidados especiais.
Tutores se preocupam com a nutrição dos pets
Em redes sociais como o TikTok, a comunidade de “pais e mães de pet” que priorizam a alimentação natural se fortaleceu. Vídeos mostrando o preparo e a refeição dos animais alcançam milhões de visualizações, gerando debate sobre os benefícios e riscos desse estilo alimentar.
O Relatório Global de Insights sobre Nutrição Pet 2025, da ADM, mostra que 85% dos donos de pets acreditam que a nutrição adequada e os suplementos são tão importantes para os animais quanto para os humanos. No Brasil, a mesma porcentagem aparece relacionada a tutores que se preocupam com a imunidade dos animais.
Alimentação natural x industrializada
Um artigo publicado no Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia acompanhou cães alimentados com dieta caseira (natural), ração comercial e ração a granel. Os resultados evidenciaram que animais expostos a dietas caseiras apresentaram menor índice glicêmico e melhora na qualidade do pelo. Já os piores resultados foram atribuídos à ração a granel.
Apesar da popularização da dieta natural, a alimentação industrializada segue predominante. Preços mais acessíveis e praticidade colaboram para a resistência às novas práticas alimentares. No entanto, para a opção ser realmente benéfica, é necessário que a ração ou os sachês sejam de qualidade — já que a falta de nutrientes em rações de baixa categoria pode trazer riscos à saúde do animal.
Desde 2024, o Decreto nº 12.031/24 prevê inspeção e fiscalização obrigatória de produtos destinados à alimentação animal, sejam eles industrializados ou não.
Fonte: Exame.