Os norte-americanos Ben S. Bernanke, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig foram premiados nesta segunda-feira (10) com o prêmio Nobel de Economia 2022.
Os pesquisadores foram premiados pelos estudos sobre bancos e crises financeiras.
Ben S. Bernanke trabalha na The Brookings Institution, em Washington, EUA. Douglas W. Diamond é da Universidade de Chicago, também nos EUA. Philip H. Dybvig é da Universidade de Washington.
Eles desenvolveram modelos teóricos que explicam por que os bancos existem, como seu papel na sociedade os torna vulneráveis a rumores sobre seu colapso iminente e como a sociedade pode diminuir essa vulnerabilidade.
“O trabalho pelo qual Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig estão sendo reconhecidos foi crucial para pesquisas subsequentes que melhoraram nossa compreensão sobre bancos, regulamentação bancária, crises bancárias e como as crises financeiras devem ser gerenciadas”, informou a Real Academia de Ciências da Suécia.
Além disso, o prêmio reconheceu os três economistas por terem melhorado significativamente a compreensão do papel dos bancos na economia, particularmente durante crises financeiras, bem como sobre como regular os mercados financeiros.
Como bancos mexem com a economia
Usando fontes históricas e métodos estatísticos, a análise de Bernanke mostrou quais fatores foram importantes na queda do Produto Interno Bruto (PIB). Ele descobriu que fatores diretamente ligados a bancos que entraram em falência foram responsáveis pela maior parte da crise.
Ben Bernanke analisou a Grande Depressão da década de 1930, a pior crise econômica da história moderna, e mostrou como as corridas bancárias foram um fator decisivo para que a crise se tornasse tão profunda e prolongada.
“A pesquisa apresentada pelos laureados deste ano reduz o risco de crises financeiras se transformarem em depressões de longo prazo com graves consequências para a sociedade, o que é do maior benefício para todos nós”, informou a organização do prêmio.
De acordo com Real Academia de Ciências da Suécia, Diamond mostrou como os bancos desempenham uma função socialmente importante. Como intermediários entre poupadores e mutuários, os bancos são mais adequados para avaliar a qualidade de crédito dos mutuários e garantir que os empréstimos sejam usados para bons investimentos.
Diamond e Dybvig apresentaram ainda uma solução para a vulnerabilidade bancária, na forma de seguro de depósito do governo. Quando os depositantes sabem que o Estado garantiu seu dinheiro, eles não precisam mais correr para o banco assim que começam os rumores sobre uma corrida bancária.
Os outros vencedores do prêmio Nobel deste ano foram: Paz: Ales Bialiatski e organizações da Rússia e da Ucrânia; Literatura: Annie Ernaux; Química: Carolyn R. Bertozzi, Morten Meldal e K. Barry Sharpless; Medicina: Svante Pääbo; Física: Alain Aspect, John F. Clauser e Anton Zeilinger;
Vencedores mais velhos e apenas duas mulheres
Até agora, somente duas mulheres foram laureadas no prêmio. Em 2019, o prêmio foi atribuído a um trio de pesquisadores especializados no combate à pobreza, os americanos Abhijit Banerjee e Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo, segunda mulher distinguida na disciplina e a mais jovem laureada da história deste prêmio, na época com 46 anos.
A primeira mulher a ganhar o Nobel de Economia foi a norte-americana Ellinor Ostrom, em 2009.
Economia tem sido, até agora, o Nobel onde o perfil do futuro vencedor é o mais fácil de adivinhar: homem com mais de 55 anos de nacionalidade americana.
Nos últimos 20 anos, três quartos deles se enquadram nessa descrição. A média de idade dos vencedores também é superior a 65 anos, a maior entre os seis prêmios.
O prêmio
O prêmio de Economia, oficialmente chamado de “Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel”, foi criado em 1968 e concedido pela primeira vez em 1969.
A homenagem não fazia parte do grupo original de cinco prêmios estabelecidos pelo testamento do industrialista sueco Alfred Nobel, criador da dinamite. Os outros prêmios Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) foram entregues pela primeira vez em 1901.
O Nobel de Economia é o último concedido este ano. Os prêmios de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz já foram anunciados nos últimos dias.
Embora seja o prêmio de maior prestígio para um pesquisador em economia, o prêmio não adquiriu o mesmo status das disciplinas escolhidas por Alfred Nobel em seu testamento de fundação (Medicina, Física, Química, Paz e Literatura) – seus detratores zombam dele como um “falso Nobel” que representa economistas ortodoxos e liberais.
Últimos ganhadores do Nobel de Economia
2021: David Card, Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens, por seus estudos para entender os efeitos de salário mínimo, imigração e educação no mercado de trabalho.
2020: Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson (EUA), por seus trabalhos na melhoria da teoria e invenções de novos formatos de leilões.
2019: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer (EUA), por seus seus trabalhos no combate à pobreza.
2018: William D. Nordhaus e Paul M. Romer (EUA), por seus estudos sobre economia sustentável e crescimento econômico a longo prazo.
2017: Richard Thaler (Estados Unidos), por sua pesquisa sobre as consequências dos mecanismos psicológicos e sociais nas decisões dos consumidores e dos investidores.
2016: Oliver Hart (Reino Unido/Estados Unidos) e Bengt Holmström (Finlândia), por suas contribuições à teoria dos contratos.
2015: Angus Deaton (Reino Unido/Estados Unidos) por seus estudos sobre “o consumo, a pobreza e o bem-estar”.
2014: Jean Tirole (França), por sua “análise do poder do mercado e de sua regulação”.
2013: Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os mercados financeiros.
2012: Lloyd Shapley e Alvin Roth (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre a melhor maneira de adequar a oferta e a demanda em um mercado, com aplicações nas doações de órgãos e na educação.
2011: Thomas Sargent e Christopher Sims (Estados Unidos), por trabalhos que permitem entender como acontecimentos imprevistos ou políticas programadas influenciam os indicadores macroeconômicos.
2010: Peter Diamond, Dale Mortensen (Estados Unidos) e Christopher Pissarides (Chipre/Reino Unido), um trio que melhorou a análise dos mercados nos quais a oferta e a demanda têm dificuldades para se acoplar, especialmente no mercado de trabalho.
2009: Ellinor Ostrom e Oliver Williamson (Estados Unidos), por seus trabalhos separados que mostram que a empresa e as associações de usuários são às vezes mais eficazes que o mercado.
2008: Paul Krugman (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre o comércio internacional.
Fonte: G1