Da redação, AJN1
Usuários do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) que se utilizaram de meios fraudulentos para retirada de multas e de restrições em Carteiras Nacional de Habilitação (CNHs) serão identificados e punidos. A afirmação é da diretora do Departamento de Ordem Tributária e de Crimes Contra Administração Pública (Deotap), delegada Daniele Garcia, durante coletiva à imprensa que detalhou a operação "Fim de Linha", que apura fraudes no órgão. "Nós vamos atrás de cada um de vocês, nem que demore seis meses ou o tempo que for necessário para que respondam em juízo. Vamos identificar quem foi beneficiado no esquema".
Nesta quinta-feira (3), durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva. Foram presos Alysson Christiano Santos Souza, Francisco Santos Silva, Gilson, Bispo, Luzia Risoleta Freire de Carvalho – que é funcionária do órgão esposa de Alysson -, e um cabo da policial militar. Também houve a condução coercitiva da servidora do Detran Jackeline Araújo Menezes. Outro homem identificado por Nestor está foragido.
As investigações que resultaram na desarticulação do esquema que envolve, a princípio, duas funcionárias do setor de protocolo do Detran, um cabo da Polícia Militar e outras três pessoas, começaram há cerca de três meses, depois que o diretor-presidente do órgão, coronel Luiz de Azevedo, solicitou a apuração de possíveis irregularidades à Secretaria de Segurança Pública (SSP). Nos levantamentos realizados foi possível identificar e detalhar a participação de cada um dos envolvidos.
Pelo que foi esclarecido, as servidoras do órgão, utilizando-se da senha de um chefe, cancelavam multas, retiravam restrições em CNHs e alteravam datas de exames e provas. Os outros envolvidos, um deles marido de uma das funcionárias, atuavam no recrutamento de usuários que tinham interesse na ação fraudulenta. Só na questão do cancelamento de multas, de acordo com o presidente do Detran, coronel Luiz de Azevedo, o esquema teria cancelado 415 autos de infração dos 490 aplicados em 2016 e o órgão deixou de arrecadar R$ 130 mil. Um fato que chamou a atenção é que a justificativa para retirada da multa era sempre a mesma.
"Vamos adotar todas as medidas administrativas. Onde há uma pessoa corrompida há uma pessoa que corrompe. O usuário que utilizou os serviços indevidos também serão punidos. Vamos fazer uma força-tarefa para resgatar os valores que deixaram de ser arrecadados e punir todos os envolvidos", ressaltou o coronel Luiz de Azevedo.
A delegada Nadia Flausini, que compõe a equipe do Deotap, lembrou que todo o sistema do Detran é gerenciado pela Emgetis e, por isso, é facilmente auditado. Desde o início da investigação se verificou que funcionárias do Protoloco estão acessando do seu local de trabalho o setor de Habilitação. Câmeras de segurança instaladas no setor de Protocolo também permitiram aos investigadores acompanhar a ação das suspeitas e a presença constante do cabo da PM no local.
"O login e senha pessoal são definidos e individualizados conforme atuação do servidor. Habilitação não vai ter acesso a veículos. Pessoas que trabalhavam no protocolo estam acessando multas e agendamento de provas sem ser suas atribuições, utilizando senhas da chefia", explicou a delegada.
