O Ministério da Agricultura acaba de anunciar a suspensão das exportações de carne bovina à China devido a um caso de doença da “vaca louca” no Pará. O autoembargo está estabelecido no acordo bilateral firmado entre os países em 2015.
“Todas as providências estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação e o assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da nossa carne”, ressaltou o ministro Carlos Fávaro, em nota.
Segundo a Pasta, o caso de encefalopatia espogiforme bovina ocorreu em um animal macho de 9 anos em uma pequena propriedade no município de Marabá (PA). O governo já comunicou a Organização Mundial de Saúde Animal e aguarda o resultado do exame realizado pelo laboratório de referência da instituição em Alberta, no Canadá, que poderá confirmar se o caso é atípico.
Fávaro explicou em entrevista à CNN que nenhum outro animal dessa propriedade foi abatido e que, portanto, não há carne dos bovinos desse rebanho nos mercados.
O ministro destacou também que a confirmação do caso de vaca louca não representa nenhuma falha no sistema de vigilância e de fiscalização agropecuária. Fávaro disse que a doença é causada por um processo degenerativo cerebral, que pode ocorrer em animais mais velhos, como é o caso do Pará.
Apesar do autoembargo, Fávaro afirmou nesta quarta-feira (22) que espera receber o sinal verde da China para retomar as exportações de carne bovina brasileira para lá ainda em março, antes da viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá fazer ao país asiático.
“Com bom trabalho, no mês de março a gente consegue resolver o caso e levantar essas suspensões”, projetou o ministro à CNN. “Quero quer que antes da visita do presidente Lula no fim de março, tenhamos esse caso solucionado”.
Em 2019, em caso semelhante, o embargo durou 13 dias. Em 2021, dois casos atípicos foram registrados em Minas Gerais e Mato Grosso, mas a China demorou mais de três meses para retomar as compras de carne bovina do Brasil. No protocolo não há prazo determinado para que Pequim reestabeleça os negócios.
Segundo Fávaro, a China foi comunicada ainda no fim de semana sobre o assunto, quando o caso ainda era uma suspeita. A comunicação é feita por meio dos adidos agrícolas brasileiros em Pequim, a embaixada na capital chinesa e a Administração-Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês).
Reunião com o embaixador chinês
Ao Valor, a assessoria do ministro confirmou que ele vai se reunir na quinta-feira (23) com o embaixador chinês em Brasília, Zhu Qingqiao, para tratar do assunto.
Na entrevista à CNN, o títular do Ministério da Agricultura disse que Lula foi comunicado imediatamente da confirmação do caso e que lhe pediu empenho para solucionar o tema e transparência com os países importadores e com os consumidores brasileiros.
O ministro quis tranquilizar a população e ressaltou que o consumo de carne bovina é seguro. “Não se preocupem em relação ao consumo, não tem hipótese de ter risco”, garantiu.
Segundo Fávaro, o animal era velho e criado a pasto. O bovino não teria consumido ração contaminada, um dos itens que poderia indicar um caso típico de vaca louca e que requer mais cuidados.
“Nenhum animal dessa propriedade foi abatido em frigorífico, a carne não está no mercado. O animal doente foi abatido, protocolarmente, e não há risco de contaminação. A propriedade está isolada e não há risco de sair do controle da vigilância sanitária brasileira.”
Fonte: Valor