ARACAJU/SE, 25 de abril de 2025 , 20:56:02

BYD: como a montadora chinesa foi das baterias a maior produtora mundial de carros elétricos

 

Uma visita à sede da BYD, em Shenzhen, China, pode começar de forma pouco habitual. Num espaço protegido por paredes de vidro, logo após a entrada de um imenso showroom, estão duas máquinas. Cada uma tem uma bateria apoiada em suporte. Os equipamentos, então, começam a lançar fogo sobre as baterias. A que sai das chamas intacta, explica o

Os equipamentos, então, começam a lançar fogo sobre as baterias. A que sai das chamas intacta, explica o funcionário, é a mesma utilizada nos veículos da BYD, que em 2023 se tornou a maior fabricante de carros elétricos do mundo. A outra, destruída pelo fogo em poucos minutos, “é a usada por outras marcas”, ressalta.

Como a ideia é contar a história da empresa, faz sentido iniciar a narração com o produto que, há 28 anos, fez surgir a companhia que teve receita de US$ 61,7 bilhões em 2023. A BYD foi criada em 1995 para produzir baterias de celulares.

A ideia partiu de Wang Chuanfu, químico especializado em tecnologia de baterias. Aos 29 anos, o jovem que havia se mudado para Shenzhen, um centro de inovação em expansão, aproveitou o início da onda do uso de celulares para abrir uma fábrica de baterias, no subdistrito de Kuichong.

Como em um museu, a história da BYD e de seu discreto fundador é contada por meio de fotos e informações que podem ser lidas pelo visitante à medida que passeia pelo showroom. Em 2000, a BYD começou a vender baterias de lítio para a Motorola. Em pouco tempo, tornou-se fornecedora também de Nokia, Ericsson e Samsung.

Em 2002, a BYD, sigla de “Build Your Dreams” (construa seus sonhos), entrou na Bolsa de Valores de Hong Kong, e um ano depois Chuanfu, hoje presidente da companhia, realizou o sonho de iniciar a produção de veículos. Um sedã foi o primeiro modelo.

O ano de 2008 marcou a chegada de um bilionário como acionista. O americano Warren Buffett investiu US$ 232 milhões para comprar ações que valiam, na época, US$ 1 cada. Quatorze anos depois, quando a Berkshire Hathaway, gestora de Buffett, começou a vender as ações, o papel estava cotado a US$ 35.

Em 2009, a BYD estreou no segmento de ônibus e no ano seguinte produziu o primeiro ônibus elétrico. Em 2012, a empresa instalou uma fábrica de ônibus em Campinas (SP). Em 2016, iniciou, na China, a produção de monotrilhos, que em breve serão conhecidos pelos paulistanos. Até o fim de 2024, a empresa pretende iniciar a entrega dos primeiros veículos que serão usados na linha 17-Ouro em São Paulo.

A BYD continua a produzir baterias. Tem, inclusive uma unidade em Manaus que abastece a linha de ônibus em Campinas. Também produz painéis solares. Por isso, os representantes da empresa repetem sempre que a BYD não é só uma montadora.

Pedidos de patente

O ano de 2023 marcou a instalação da companhia na Bahia. Na ex-fábrica da Ford, em Camaçari, serão produzidos automóveis elétricos e híbridos plug-in, incluindo picape híbrida movida a etanol.

As obras para ampliar e modernizar a fábrica brasileira começarão em fevereiro. Segundo Marcelo Schneider, diretor da BYD, anunciou no Brazil China Meeting — iniciativa LIDE e Valor, com apoio institucional de GLOBO e CBN —, em Shenzhen, na semana passada, o plano de contratação de mão de obra na primeira fase foi ampliado de 5 mil para 10 mil operários. O investimento soma R$ 3 bilhões.

Dos 750 mil funcionários globais da empresa, nada menos que 90 mil são engenheiros. Fileiras de patentes adquiridas pela BYD estão estampadas em enorme parede do showroom da sede em Shenzhen: são 11 mil pedidos por dia.

Os números da empresa são grandes em todas as frentes. Quando começou a produzir carros, levou 13 anos para atingir um milhão de unidades. Um ano e meio depois, já estava em três milhões, e nove meses após, chegou a quatro milhões. Em 2023, atingiu seis milhões.

No showroom estão os compactos com nomes de animais, como o Dolphin. Na China, o Dolphin Mini, que será lançado no Brasil em fevereiro, é chamado de Seagle. Na área externa, é a vez do carro que se movimenta de forma diferente. Lançado no mercado chinês em setembro, o Yangwang U8, utilitário esportivo de grande porte, faz um giro de 360 graus sobre o próprio eixo.

Mas a grande expectativa da BYD é saber a reação dos visitantes brasileiros ao Dolphin Mini. A diretora da divisão americana de vendas, Jolin Zhang, ajuda na propaganda.

 

Fonte jornal o globo

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