As crianças estão se tornando mais alérgicas, como sugere um estudo britânico. Nos últimos 15 anos, o número de crianças que buscaram tratamentos para alergias aumentou em sete vezes, segundo os pesquisadores da Universidade de Saint George, de Londres. A partir da análise dos registros de 450 hospitais, foi revelado que são feitas cerca de 200 mil consultas anuais para jovens sofrendo com condições como asma, rinite e eczema (inflamações na pele). Em 2006, este número chegava apenas a 30 mil.
O Reino Unido tem uma das taxas mais altas de doenças alérgicas. Uma em cada três crianças apresenta alguma alergia, custando mais de 1 bilhão de libras ao Sistema Nacional de Saúde todo ano. Além da asma, rinite e eczema, houve um crescimento nos casos de anafilaxia (reação alérgica possivelmente fatal), alergia alimentar e urticária nos últimos anos.
Isso contribuiu para uma maior demanda por clínicas que tratam do problema. Um estudo realizado em 2006 descobriu que apenas 58 hospitais forneciam consultas para casos alérgicos, dessa forma, a região tinha capacidade para realizar 30 mil consultas por ano.
Para atualizar este dado, os pesquisadores verificaram 450 hospitais entre o período de fevereiro de 2019 e maio de 2020. Os resultados apontaram que, agora, existem 299 clínicas voltadas para tratamentos de alergia, que comportam mais de 85 mil consultas e 111 mil acompanhamentos por ano, alcançando quase 200 mil atendimentos para crianças.
As taxas de alergia continuam aumentando a cada ano no Reino Unido, mas os cientistas ainda não descobriram o motivo exato. Algumas teorias populares indicam que as crianças estão sendo expostas a menos germes, devido a ambientes mais limpos. Além disso, mudanças na dieta e a poluição do ar também podem explicar a alta.
Mais investimento para a população pediátrica
Uma das questões que os pesquisadores buscaram destacar é a falta de profissionais especializados em crianças. De acordo com o estudo, 8% das clínicas não possuem um nutricionista pediátrico, que desempenha um papel essencial, principalmente devido ao aumento de casos de alergia alimentar. Assim, os pequenos precisam ser encaminhados para nutricionistas em outros hospitais, o que acaba atrasando o tratamento. Segundo os autores da análise, o ideal é investir na contratação de especialistas de diversas áreas.
Outro ponto ressaltado foi a falta de acesso a “imunoterapia com alérgenos”. Neste tipo de tratamento, as crianças são expostas a quantidades cada vez maiores de alérgenos na tentativa de alterar a resposta do sistema imunológico a eles. Para os pesquisadores, esta terapia é muito benéfica. Por isso, o estudo enfatiza que o governo britânico deve estabelecer padrões nacionais para todos os centros de tratamento de alergia, garantindo uma prestação de serviços igualitária e segura para todas as crianças.
“O aumento de exposição a casos clínicos traz uma maior experiência. Padrões de qualidade já existem para outras subespecialidades pediátricas, como gastroenterologia. A produção de padrões voltados para a área da alergia garantirá que crianças com doenças alérgicas recebam cuidados consistentes e de alta qualidade, independentemente de sua localização geográfica”, afirmaram os autores do estudo.
Fonte: Revista Crescer