ARACAJU/SE, 4 de maio de 2025 , 14:44:28

Castanha de Caju do Pov. Carrilho é ´Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe´

 

Distando cerca 7,5 km da sede do município, o povoado Carrilho é conhecido por sua produção artesanal e de qualidade superior da castanha de caju, que é cultivada e processada de forma manual por gerações de famílias. Segundo a historiografia local, a castanha chegou na comunidade há cerca de 54 anos. E hoje, ela não é apenas uma fonte de renda importante para os moradores da região, mas também representa um símbolo da resistência e da preservação de saberes ancestrais, ligados ao cultivo sustentável e ao aproveitamento integral do caju.

A castanha de caju do povoado Carrilho em Itabaiana, tem o título de “Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Sergipe”. Uma iniciativa da ex-deputada estadual, Maria Mendonça, que proporcionou a devida valorização a tradição, a cultura e o papel essencial que a produção desse fruto tem para a economia e identidade local. Com a aprovação da lei, a castanha de caju do povoado Carrilho passou a ter um reconhecimento formal, que reforça a importância de sua preservação e promoção como um bem cultural imaterial. Além de fortalecer a economia local, a medida visa conscientizar a população e o público em geral sobre a importância de preservar essas práticas culturais tradicionais.

O título de Patrimônio Cultural Imaterial também abriu portas para a criação de políticas públicas que possam garantir o apoio aos produtores, estimulou o turismo e garantiu a continuidade da tradição.

A iniciativa é considerada um avanço importante para o reconhecimento das riquezas culturais do interior de Sergipe.

A castanha de caju, além de ser um produto nutritivo e saboroso, desempenha um papel crucial na história e cultura de Carrilho, sendo um elo entre gerações e uma expressão de orgulho para a comunidade local. Incluí-la como patrimônio foi, portanto, mais um marco para a valorização da produção agrícola e um passo para o fortalecimento da identidade sergipana e para a preservação dos valores que fazem de Sergipe um estado tão rico em diversidade cultural.

A castanha por Sergipe

Vale frisar que a cultura da castanha de caju em nosso Estado não se concentra somente em Itabaiana. Que tal nos inteirarmos um pouco mais?

O seu cultivo é uma tradição que remonta há várias gerações. A planta, que se adapta bem ao clima semiárido e ao solo arenoso, é cultivada principalmente na região do Agreste, com destaque para o município de Itabaiana e também em São Domingos. Ela também é cultivada no Médio Sertão, precisamente em Nossa Senhora das Dores e no Centro-Sul, na zona rural de Lagarto.

Benefícios Econômicos

Nestes municípios, ela tem grande importância econômica, principalmente para a agricultura familiar. É uma das principais fontes de renda de muitos produtores, além de ser exportada para outros estados e até para o exterior. O processamento da castanha também gera uma cadeia produtiva que envolve desde pequenos agricultores até empresários que se especializam no beneficiamento do produto.

Além disso, o uso integral do caju — tanto para a produção de castanha quanto para a fabricação de sucos, polpas e doces — amplia o impacto econômico e reduz desperdícios. A castanha, por exemplo, tem um alto valor agregado e é usada tanto para consumo direto quanto na indústria de alimentos, enquanto o caju (fruto) é utilizado para fazer sucos, doces, geleias e outros produtos.

Ciclo

É um produto de ciclo anual, e a safra acontece, em média, entre os meses de março e junho, dependendo das condições climáticas. Durante este período, a árvore frutifica, e as castanhas são colhidas manualmente. O processo de secagem e preparo para o consumo pode variar, mas o método mais tradicional é o processamento manual, que inclui a retirada da casca da castanha e sua secagem ao sol.

Processamento

Em Sergipe, o processamento da castanha de caju é uma atividade familiar e artesanal, com muitas famílias no interior do estado ainda praticando a produção de forma manual. Depois de retiradas das árvores, as castanhas são lavadas, secas e torradas, e a parte comestível, que é a amêndoa, é retirada com cuidado, já que a casca é muito dura e contém substâncias tóxicas que podem ser prejudiciais à saúde.

No caso de Carrilho, no município de Itabaiana, o processo artesanal é um diferencial, com as castanhas sendo produzidas de forma cuidadosa, com respeito às tradições passadas de geração em geração. Muitas vezes, esses produtores utilizam técnicas de secagem ao sol, o que confere um sabor especial ao produto.

Desafios e oportunidades

Embora a castanha de caju seja uma cultura importante, o setor enfrenta alguns desafios, como variabilidade climática, pragas e dificuldades no processamento, que podem impactar a qualidade e o volume da produção. A competição de outros estados produtores, como Pernambuco, também pode ser um fator que dificulta o crescimento do mercado sergipano.

Porém, existem várias oportunidades de crescimento, especialmente com o reconhecimento da castanha do povoado Carrilho como patrimônio cultural imaterial, que pode ajudar a valorizar o produto e atrair mais consumidores para a produção local. A implementação de tecnologias mais eficientes e sustentáveis no cultivo e processamento da castanha também pode ser um ponto de melhoria para aumentar a produtividade e a qualidade.

Além disso, o turismo rural tem ganhado força no estado, e a promoção da castanha de caju como parte da cultura local pode estimular a visitação a essas regiões produtoras, gerando renda adicional para as famílias da área.

Sustentabilidade

Em termos de sustentabilidade, a castanha de caju é uma excelente cultura para o desenvolvimento sustentável de pequenas propriedades. Além de ser uma planta que se adapta bem a ambientes de clima semiárido, ela ajuda na preservação do solo e da água, uma vez que é uma planta de baixo custo de manutenção e baixo impacto ambiental. O uso racional das áreas de cultivo também favorece a conservação do meio ambiente.

*Com informações da Akese/ Infoteca Embrapa e do Governo de Sergipe

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