Enquanto concorrentes como Apple TV+, Prime Video e Paramount+ investem milhões e até bilhões de dólares na aquisição de direitos esportivos, a Netflix decidiu nadar contra a maré e seguir firme em sua decisão de não ter esportes ao vivo. Segundo Ted Sarandos, diretor de conteúdo da plataforma, o investimento ainda não se justifica. “Nós não somos antiesportes, apenas somos pró-lucro”, resumiu.
Durante um painel na Conferência Global de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da UBS, o chefão da Netflix afirmou que a empresa ainda não identificou um caminho lucrativo no “aluguel de grandes ligas esportivas”. “Não estou dizendo que ele não existe, mas os direitos estão tão dramaticamente caros que o esporte se tornou um líder de audiência que dá prejuízo“, desabafou Sarandos.
As palavras do executivo ecoam o que já tinha sido dito por seu sócio, Reed Hastings, de que o investimento não vale a pena. “Precisamos descobrir uma maneira de dar lucro. Mas eu tenho total confiança de que podemos dobrar nosso tamanho atual sem recorrer aos esportes”, valorizou Sarandos. “A Netflix já fez uma coisa inédita na história da televisão, que foi ter 165 milhões de lares assistindo a Round 6 sem precisar exibir a série depois do Super Bowl. Nós não precisamos de um evento desses para construir uma audiência em massa.”
Os boatos de que a Netflix estaria interessada em adquirir direitos esportivos começaram após o sucesso da série documental F1: Dirigir para Viver, que já lançou quatro temporadas com os bastidores do automobilismo. Alguns veículos chegaram a noticiar que a plataforma procurou os donos das transmissão de corridas para exibi-las no streaming. Sarandos disse apenas que a expectativa era de que o público que passou a acompanhar os GPs após assistir ao documentário deveria ter um peso em valores menores na comercialização dos direitos, o que não se concretizou.
De qualquer maneira, a Netflix ainda está engatinhando na tecnologia para transmissão de eventos. No ano que vem, um stand-up do comediante Chris Rock terá exibição ao vivo para todo o mundo –a data oficial ainda não foi anunciada. Será o segundo stand-up do comediante produzido pela plataforma: em 2018, ele estreou Tamborine, no qual falava sobre paternidade, infidelidade e a política norte-americana.
Experimentar transmissões ao vivo seria um importante passo antes de investir na compra de direitos esportivos –algo que suas principais rivais já fazem. Nos Estados Unidos, o Disney+ transmitiu neste semestre o reality Dancing With the Stars, permitindo que o público votasse nos famosos que desejava manter na competição. Plataformas como Prime Video, Star+ e Paramount+ também compraram campeonatos importantes para o mercado.
Fonte: Tangerina