O preço das carnes subiu 5,81% em outubro em relação ao mês anterior, a maior alta em quatro anos. Esse aumento supera a média da inflação dos últimos 12 meses, que foi de 4,76%.
E, segundo as projeções, o tradicional churrasco deverá pesar ainda mais no bolso do brasileiro, tanto neste fim de ano quanto em 2025.
A expectativa é que o preço da carne suba pelo menos 7,9% no último trimestre deste ano, a maior alta para o período desde 2020. Esse aumento é reflexo do encarecimento dos custos do gado, o maior em três décadas, o que representa um desafio para os frigoríficos e gera preocupações em relação ao fornecimento de carne bovina.
Um dos principais fatores para esse aumento é o preço do boi gordo nas fazendas, que acelerou 33% nos últimos dois meses. A alta ocorre em um momento em que uma seca severa tem prejudicado as pastagens e restringido o fornecimento de animais para abate.
Por ser uma parte fundamental de proteína na dieta dos brasileiros, a alta da carne bovina tende a impactar também os preços de outras proteínas animais, como a carne suína e o frango.
A menor oferta de gado ocorre justamente quando as exportações brasileiras de carne bovina, incluindo para os EUA, estão em crescimento. A desvalorização do real aumenta o poder de compra dos importadores, intensificando a concorrência com os consumidores nacionais. O cenário agrava ainda mais os desafios do Banco Central no controle da inflação, que elevou a taxa de juros pela segunda vez consecutiva, atingindo 11,25% na Taxa Selic.
Preços mais salgados em 2025
Para o próximo ano, analistas projetam uma inflação de alimentos de até 7,4%, devido a uma combinação de dólar mais alto — após a vitória do republicano Donald Trump nas eleições americanas, a moeda se valorizou e chegou a ser negociado a R$ 5,8619 no Brasil — e oferta restrita de alguns produtos.
O preço das carnes, por sua vez, deve subir até 16,1% em 2025. Se confirmado, será o maior aumento em cinco anos: em 2020, a alta foi de 17,97%. As projeções indicam que a carne bovina deve avançar até 16,8% no próximo ano, enquanto a carne suína e o frango devem registrar aumentos de até 13% e 11%, respectivamente.
Se as previsões se concretizarem, o aumento nos preços dos alimentos superará a inflação geral projetada para 2025, que é de cerca de 4%.
Fonte: O Globo