Conhecidas no Nordeste como ‘trovoadas’, o pico das chuvas de verão chegou em Sergipe na segunda quinzena de janeiro, surpreendendo em volume e intensidade a região mais árida do estado: o Sertão. Embora tenha trazido prejuízos em zonas urbanas e interdição de estradas, foi um alívio ao sertanejo, que pode acumular boa parte desta água em cisternas, para o consumo humano e nas aguadas, para a dessedentação das criações de animais.
Empresa que faz parte da força-tarefa de Recursos Hídricos para o Semiárido, do Governo do Estado, a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), desde 2012, vem sendo a executora do Programa de Recuperação de Barragens. Trata-se de um convênio entre as secretarias de estado da Mulher, Inclusão, Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (Seidh) e da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e Pesca (Seagri), onde a Empresa é subsidiada. Cooperação que já recuperou 1.869 aguadas, sendo 19 delas de médio porte e de uso coletivo.
Só na edição 2014/2015 do Programa foram recuperadas 14 barragens públicas. Uma delas foi a barragem coletiva do Povoado Ouricuri, em Gararu. Na localidade, onde residem cerca de 300 pessoas, por volta de 70 famílias tem como a atividade principal a criação de gado. As chuvas de janeiro foram fortes na região da pequena localidade, fez encher rios e danificar as estradas, mas completou o nível e fez até transbordar os vários reservatórios de terra, quase que um para cada casa, feitos para juntar água para as criações.
“A barragem comunitária que foi reformada estava seca antes dessa chuva, agora encheu de uma vez. Quando falta água nos tanques, quando ela acaba, passamos a usar a da barragem”, explicou o pequeno produtor Brás Matias dos Santos, que cria oito cabeças de gado e 10 ovelhas, no Ouricuri.
Assim como no povoado de Gararu, no município vizinho, Porto da Folha, a localidade Pé de Serra também tem como atividade principal a criação de gado e quando acaba a água das cisternas, aguadas e tanques, a alternativa é buscar de carroça ou levar os animais até o açude público, reformado pelo empenho da Cohidro há pouco mais de um ano. Segundo o engenheiro civil da Empresa, Valdi Aragão Porto, o trabalho consiste na limpeza dos sedimentos que acumulam no fundo da barragem desde sua construção, e diminuem, gradativamente, a capacidade de armazenar água.
“Também reconstruímos e reforçamos os taludes, que impedem que a força das enxurradas estoure a barragens. Temos o cuidado de construir o sangradouro, para onde a água corre no caso de transbordar, sem danificar os taludes. O que foi muito útil, nesse caso da barragem do Pé de Serra, pois o volume de passagem de água aqui foi maior que a capacidade do reservatório”, reforçou Valdi Porto, responsável técnico por esta obra e a da barragem que fica no povoado Vaca Serrada, ainda no município de Porto da Folha.
A barragem da Vaca Serrada passou por uma ampla ação de manutenção e recuperação de sua capacidade em 2012. “Nas chuvas que ocorreram no último mês, o volume da água aumentou bastante, atingindo seu ápice desde a sua reforma”, comemorou o engenheiro Valdi Porto.Por ser de fácil acesso, às margens da Rodovia SE-230, o reservatório se tornou aplicável para múltiplos usos, desde o abastecimento dos rebanhos como para o uso doméstico, levado por caminhões pipa até as cisternas.
Fonte: ASN