ARACAJU/SE, 23 de novembro de 2024 , 13:23:35

logoajn1

Com o maior programa da Região Nordeste, Universidade Federal de Sergipe consolida formação docente no estado

 

2024-2026 será o maior ciclo do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade Faederal de Sergipe (UFS), com 41 núcleos de licenciatura distribuídos pelo Estado de Sergipe. Mas, para além de grandes números, a expansão e consolidação do Pibid ao longo dos anos representa o incentivo ao desenvolvimento docente e a resolução de problemas da educação básica.

O pró-reitor de Graduação da UFS, Dilton Maynard, ressalta que a universidade alcançou neste ciclo o maior programa de formação de professores do Nordeste e o segundo maior do Brasil.

“O Pibid cumpre um papel fundamental na formação do futuro professor porque permite uma aproximação antecipada da realidade escolar. Nós temos um circuito no qual todo mundo ganha: nossos docentes colocam os alunos em contato com ambientes de prática, os professores da rede básica ganham com a aproximação e atualização da universidade, os nossos alunos já verão na prática a profissão que eles escolheram e as escolas ganham justamente por ter essa energia e suporte que a chegada desses bolsistas promove”, afirma.

Participando do processo pela primeira vez, a professora do Departamento de Letras Estrangeiras, Cristiane Machado, submeteu projeto para avaliação. Ela revela que o diferencial foi escrever um projeto bem alinhado às diretrizes da Capes.

“Desde o início, eu sabia que o meu projeto poderia ficar de fora caso eu não trabalhasse direito nele e fiquei muito feliz porque empatei com os cinco melhores resultados já na primeira vez que fiz. Busquei observar todas as diretrizes que o edital da Capes solicitou, como a inclusão de temas transversais que não necessariamente são obrigatórios em uma aula de francês, mas que podem ser tratadas dentro de aspectos culturais e sociais, independentemente da disciplina. Então, procurei atender todas as expectativas de forma que o meu projeto fosse selecionado e ajudasse a UFS obter uma nota melhor e o número de núcleos que conseguimos. E agora o próprio número de inscritos já revela a expectativa não só minha, mas também dos alunos, de participar de um programa que oferece um apoio financeiro importante para a comunidade acadêmica. Foram quase 90 inscrições para 24 vagas e agora é o quebra-cabeça da seleção”, ressalta.

Distribuição de bolsas

Neste ano, 41 dos 53 núcleos de Sergipe foram designados à UFS pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Cada um é composto por uma bolsa para coordenador de área que deve ser docente da universidade, três bolsas para professores da educação básica e 24 bolsas para alunos da UFS.

Como critério de distribuição, a instituição relacionou a implementação dos núcleos à classificação feita pela Capes. Dessa forma, duas vagas são específicas para alfabetização e as demais 39 vagas foram ocupadas seguindo a ordem de classificação recebida pela UFS.

O pró-reitor aponta que a primeira mudança no processo do Pibid aconteceu no início do ano com a possibilidade de todos os professores da instituição apresentarem propostas e, após aprovação em colegiado de curso e unificação da proposta institucional, houve a devolutiva da Capes com a avaliação. “Os professores tiveram seus nomes aprovados pelos colegiados e submeteram projetos para compor a proposta institucional. Então, decidimos seguir como critério de distribuição das bolsas o ranqueamento final apresentado pela Capes, já que a pontuação é dividida entre a nota geral da instituição e as notas das propostas apresentadas, e, a partir das pontuações, os núcleos foram tendo as cotas atribuídas”.

No entanto, ainda há previsão de implementação de outros núcleos não contemplados caso não haja preenchimento das inscrições naqueles já contemplados. “Existe a possibilidade de alguns núcleos contemplados não serem implementados por não atingirem a quantidade mínima de alunos necessários e isso pode acontecer por razões diversas. Quando isso acontece, a vaga migra para o próximo núcleo melhor ranqueado e, assim, sucessivamente e isso não é uma novidade, como já houve essa dinâmica em outros anos”, ressalta.

O resultado final dos núcleos contemplados, referente ao Edital Nº 22/2024/Prograd, foi publicado pela Prograd no dia 22 de julho e um dos núcleos contemplados foi o de Teatro, coordenado pelo professor Carlos Ferreira. O curso volta a ter bolsa Pibid após nove anos.

“Eu fiz Pibid na minha graduação e estar agora enquanto coordenador é perceber um outro lugar que muitos colegas não experienciaram. O programa não nasceu ontem e não é apenas um suspiro para quem não tem bolsa. Ele está preocupado em inserir esse futuro educador no espaço de docência. É importantíssimo e temos que compreender que áreas que há muitos anos não foram contempladas conseguiram dessa vez, então acho que essa é uma maneira de mostrar que espaços precisam ser ocupados e que as outras áreas de conhecimento, como o Teatro, têm importância. Nós passamos por um processo classificatório interno, seguimos as regras do edital e, após essa avaliação interna, passamos pela avaliação Capes e recebemos as notas com possibilidade de entrar com recurso. Teatro já estava com uma nota boa, mas entrei com recurso por identificar que havia problemas na classificação e a nota melhorou ainda mais”, celebra Carlos.

Possível suspensão?

Três meses depois do resultado, já após a publicação dos editais Nº 42 e 43/2024/Prograd para seleção de alunos das licenciaturas e professores supervisores, houve contestação do resultado dos núcleos e pedido de suspensão do Edital Nº 22/2024 pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). Em nota, a Pró-Reitoria de Graduação da UFS informou que “um instrumento jurídico já homologado não pode e não deve ser desconsiderado, tendo em vista que as áreas já estavam cientes de qual critério seria adotado para o caso da não obtenção da totalidade de cotas”.

Coordenador do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência da UFS, o professor André Luís André explica que a suspensão do processo ou tentativa de redistribuição de vagas atrasaria o prazo de implementação dos núcleos, que já estão aprovados desde julho.

“A Capes nos deu a opção de implementar os núcleos em dezembro e temos até esse prazo para rodar nossos processos internos de seleção de alunos e professores supervisores e colocar o nome dessas mais de mil pessoas em duas plataformas, o que é um trabalho muito difícil e detalhado de inserir cada CPF manualmente. O pagamento das bolsas e a gestão do programa depende desses nomes nessas duas plataformas, é uma coisa bastante delicada de se fazer e é por isso que eu vejo com bastante preocupação, embora com tranquilidade, o pedido de suspensão do DCE porque é um pedido que não é factível. É uma coisa bastante temerária até do ponto de vista jurídico”.

O coordenador ainda pontua o avanço da formação docente na UFS ao longo dos anos até chegar ao patamar de segundo maior programa do país e o maior do Nordeste. “O nosso objetivo é conseguir o máximo de recursos possíveis para a instituição, mas temos que lidar com o fato de que estamos disputando essas vagas com outras duas instituições no estado. Não é necessariamente uma situação que depois você pode internamente redistribuir para outra proposta, até porque precisamos seguir o rito do edital, que dá segurança jurídica, credibilidade e transparência”.

“A gente aceita as críticas com bastante tranquilidade, porém não dá para negar que a UFS deu um salto gigantesco. Por exemplo, tivemos mais bolsa que a Unesp que está espalhada pelo interior de São Paulo e é proporcionalmente muito maior, além de conseguir mais bolsas que a USP, Unicamp, UFRJ e universidades federais da Bahia que também são muito fortes. Então, o que nos preocupa também é a percepção desse processo que me parece dissociada do fato concreto: a UFS é a segunda maior instituição do país em formação de professores”, complementa André Luís.

Como forma de defesa do processo, o professor do Departamento de Teatro, Carlos Ferreira, propôs uma moção de apoio ao processo seletivo, que foi enviada pela coordenação do Pibid/UFS. “Recebemos um e-mail e eu assinei porque o processo já está vigente e se for suspenso acarretará toda uma demora que já está. Nas artes, a UFS aprovou três áreas que há muito tempo não recebiam Pibid, então é um processo louvável”.

“Na medida em que estamos em uma democracia, assim como houve a reclamação de possíveis inconsistências, pode haver essa reação de apoio ao processo por parte dos professores que conseguiram as bolsas para suas respectivas áreas. Acredito que não houve inconsistência, mas existem instâncias que podem fazer a verificação, e o processo deve seguir porque existem outros professores e alunos que concordaram com o processo e não viram essas inconsistências. Óbvio que queremos que todos participem, mas não queremos correr o risco de perder as vagas em função de um atraso que pode comprometer o trabalho de todos, caso o processo tenha realmente seguido todas as regras propostas, que é o que eu acredito”, diz a professora Cristiane.

Nessa perspectiva de continuação do processo, a aluna do curso de licenciatura em Geografia da UFS, Ana Caroline Azevedo, se inscreveu para o ciclo 2024-2026 do Pibid. Ela destaca o sonho que sempre teve de participar do programa.

“Para nós, como discentes e futuros docentes, o Pibid é uma porta de entrada para novas experiências na educação básica. Vamos trabalhar com profissionais que atuam há anos na educação do estado e, por meio do auxílio desses professores, podemos desenvolver metodologias diferenciadas que serão importantes para a formação integral dos alunos. Sempre foi um sonho participar do Pibid porque é um programa essencial, já que o professor precisa da prática que só é adquirida em sala de aula. E quem participa do programa recebe um auxílio que é essencial porque faz com que os alunos consigam se manter na universidade”, diz Caroline.

Neste ciclo, foram ofertadas ao todo 984 vagas para estudantes da UFS e 123 para professores supervisores. O valor mensal da bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para discentes é de R$ 700, enquanto para professores supervisores é de R$ 1.100. Já a cota de bolsa da coordenação de área durante o período de atuação é de R$ 2.000.

Fonte: Ascom UFS

Você pode querer ler também