A infertilidade conjugal é uma realidade silenciosa que atinge cerca de 17% dos casais em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Enquanto muitas vezes se assume que a infertilidade é um problema feminino, constatações médicas mostram outro cenário. De acordo com Dr. Dalmo Silva, urologista da Santa Casa de São Paulo, que aborda o tema a convite da Organon, os homens podem ser responsáveis por até 50% dos casos. “O fator masculino isoladamente corresponde a 20% das situações de infertilidade conjugal, e quando associado a fatores femininos, pode chegar a 30%”, explica.
De acordo com o especialista, existem diversos fatores que podem afetar a fertilidade masculina. Entre eles, destacam-se a presença de varicocele (veias dilatadas do testículo), criptorquidia (não descida do testículo para a bolsa testicular no nascimento), infecções sexuais não tratadas ou subdiagnosticadas, certos tumores como o de testículo, tratamentos com quimio e/ou radioterapia, fatores genéticos como a síndrome de Klinefelter, distúrbios ejaculatórios (por exemplo, em homens com lesões medulares), distúrbios endocrinológicos como diabetes, obesidade, idade paterna avançada, abuso de álcool e drogas ilícitas, uso de anabolizantes para ganho de massa muscular, alguns medicamentos para tratamento de alopecia (queda de cabelo) e certos antidepressivos.
Assim como ocorre com as mulheres, a idade também influencia a fertilidade masculina. “Vários estudos mostram um aumento do estresse oxidativo e radicais livres, que promovem a alteração da membrana dos espermatozoides, levando à morte celular precoce. Na prática, a idade paterna avançada se traduz em períodos longos sem gravidez espontânea, abortos de repetição ou falhas nos tratamentos de fertilização”, explica.
Para avaliar a fertilidade masculina, a investigação diagnóstica sempre começa com pelo menos dois espermogramas, realizados com um intervalo mínimo de 15 dias entre eles. “Se for identificarmos uma causa que possa ser corrigida, como a reversão da vasectomia, correção da varicocele ou tratamento medicamentoso nas causas endocrinológicas, sempre preferimos essa abordagem. Nos casos em que a causa é desconhecida, podemos tentar recuperar cirurgicamente espermatozoides para uma tentativa de fertilização”, esclarece Dr. Dalmo.
O estilo de vida também pode impactar na qualidade do espermatozoide. “O estresse gera mais radicais livres, aumentando a fragmentação do DNA espermático”, observa Dr. Dalmo. De acordo com o urologista, nos últimos 20 anos, a medicina reprodutiva teve avanços significativos nos exames diagnósticos de fatores masculinos associados à infertilidade, como o teste de fragmentação espermática.
Para o especialista, a investigação da infertilidade masculina promove saúde e bem-estar aos homens. “Cerca de 6% dos homens inférteis irão descobrir alguma doença silenciosa ou que ainda não se manifestou, como diabetes ou hipertensão arterial”, alerta o médico, complementando: “Vivemos em uma sociedade paternalista onde não é comum o homem procurar ajuda médica para infertilidade. Sempre se pensa que o problema é da parceira. Talvez um dos mitos mais persistentes seja associar infertilidade com impotência sexual”. Além disso, ele enfatiza a importância de uma abordagem conjunta do casal para enfrentar a infertilidade, com muita conversa e apoio mútuo.