É difícil que os passos apressados de quem passa pelo Centro da capital sergipana não se tornem mais calmos ao percorrer a rua Boquim, onde até os ouvidos mais desatentos são surpreendidos por notas e acordes musicais produzidos pelos alunos do Conservatório de Música de Sergipe (CMSE). A instituição educacional, fundada em 1945, é responsável pela formação e pela profissionalização de musicistas sergipanos, ofertando, de forma gratuita, cursos técnicos, de formação e de musicalização, além de cursos rápidos e oficinas. Anualmente, são oferecidas cerca de 600 vagas para ingresso na escola. No início deste ano, o Conservatório passou por obras de reforma, modernização e adequação da acessibilidade, fruto de um investimento de R$ 3.794.248,20 do Governo de Sergipe.
Atualmente, há cursos técnicos profissionalizantes em canto e em 17 habilitações instrumentais: flauta, clarinete, saxofone, trompa, violino, viola, violoncelo, contrabaixo acústico, trompete, trombone, percussão, piano, teclado, violão, contrabaixo elétrico e guitarra. Essa modalidade de ensino capacita os músicos para o mercado profissional, como explica o diretor do Conservatório de Música, Heitor Mendonça. “O conservatório é a principal escola formal de música de Sergipe. Nós absorvemos alunos da capital, do interior e até de outros estados, para que eles possam integrar a cadeia produtiva da música de Sergipe. Contribuímos não só para a arte sergipana, mas também para o desenvolvimento da qualidade musical dos nossos artistas e para o mercado musical, à medida que profissionalizamos esses músicos”, reforça o gestor.
Um dos tantos casos de sucesso do CMSE é o do professor de piano Rinaldo Lima, que foi aluno da casa e, hoje, é responsável pela formação de diversos outros estudantes. “O primeiro contato que tive no conservatório foi enquanto aluno, e daí nasceu o sonho de fazer música. À época, eu cursava Letras, mas já ganhava dinheiro com música. O conservatório foi uma oportunidade para eu me profissionalizar, tocar o que eu realmente gostaria e também para dar aula. Depois, fiz um curso de graduação. Foi um sonho que foi alimentando outro sonho. Quando a gente vê que o aluno está conseguindo desenvolver e desempenhar bem as funções técnicas e tocar as músicas que eles gostariam de tocar, tudo isso dá um significado ao trabalho que a gente desempenha”, relatou o professor.
Entre os vários alunos dos cursos de formação inicial e continuada do professor Rinaldo está a estudante Sofia Almeida, de 16 anos. Ela contou que pratica música desde pequena, inicialmente por meio de aulas particulares de violão. Por incentivo da mãe, o primeiro contato dela com o CMSE se deu em uma das oficinas ofertadas pela instituição de ensino, que despertou nela o desejo de aprender piano. “No piano, eu via uma possibilidade de me aprofundar na música erudita e de saber mais sobre técnica e teoria musical. Sempre foi um instrumento que tive vontade de aprender, porque é bem versátil; eu poderia tocar e cantar, poderia tocar uma música mais erudita ou, por exemplo, uma bossa nova”, justificou a adolescente.
De acordo com Sofia, além de lhe possibilitarem a aprendizagem de um novo instrumento, as aulas no Conservatório de Música proporcionam diversos benefícios. “A música sempre foi, para mim, uma forma de relaxar, e também abriu muitas oportunidades, para eu perder minha timidez, para começar a falar em público ou mesmo para me apresentar tocando. E também para unir amigos; tenho vários amigos por causa da música, e a música é algo que faz a gente se reunir para tocar. Também vejo que minha coordenação motora e minha memória melhoraram muito”, exemplifica a pianista aprendiz.
Musicalização
Retomadas na última segunda-feira, 2, as aulas de musicalização têm como objetivo apresentar o mundo musical às crianças, atendendo estudantes que já tenham concluído o 1º ano do ensino fundamental, com idade limite de 11 anos. Também é necessário que a criança tenha estudado pelo menos um ano de Vivência Musical ou ensino equivalente. Recentemente, a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc) realizou processo seletivo para a contratação de novos professores para lecionarem na modalidade. Uma das pessoas selecionadas foi a professora Cândida Santos, que já atua na área há 26 anos e, no dia 2 de setembro, deu início a mais uma etapa da carreira.
“Já fui aluna do Conservatório de Música também, e acho que trabalhar aqui é o sonho de todo professor de música”, comemorou a docente. Para a primeira aula, ela revelou que preparou uma avaliação diagnóstica, a fim de identificar o nível de conhecimento e prática dos estudantes sobre o conteúdo. “Quero tornar meus alunos encantados pela música. Esse é o papel do professor de musicalização”, acrescentou.
Na concepção do diretor do CMSE, a musicalização é fundamental para a formação de futuros profissionais da música. “É muito importante que as crianças sejam iniciadas musicalmente desde cedo, porque para um concertista conseguir se desenvolver e ingressar em orquestras, por exemplo, e seguir a carreira musical, ele tem que estudar a vida inteira. O papel do conservatório é fundamental nesse processo”, reforçou Heitor Mendonça.
Seleção
Os processos seletivos para os cursos técnico, de formação inicial e continuada e de musicalização acontecem anualmente, geralmente entre dezembro e janeiro. Para os candidatos iniciantes, é realizado sorteio público, e para os demais cursos intermediários e técnicos, é aplicada uma prova de aptidão musical. O último processo seletivo contou com cerca de 3.500 inscritos. Já no caso dos cursos rápidos e oficinas, as inscrições são abertas esporadicamente, conforme calendário divulgado no site do CMSE.
Fonte: Secom