ARACAJU/SE, 25 de outubro de 2024 , 3:35:07

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Corpo de homem morto em abordagem da PRF será sepultado em Umbaúba

Da redação, AJN1

O corpo de Genivaldo de Jesus Santos, 38, que sofria de esquizofrenia e foi morto por asfixia durante uma abordagem de uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-101, está sendo velado na casa da mãe, no povoado Mangabeira, em Santa Luzia do Itanhy, e será sepultado no final da manhã de hoje (26), em Umbaúba. O caso será investigado pela Polícia Federal (PF) e a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Sergipe (OAB/SE), já informou que vai acompanhar a apuração através da Comissão de Direitos Humanos.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento da abordagem a Genivaldo, que trafegava de moto e não usava capacete. Nos vídeos é possível ver os policiais revistando e imobilizando a vítima, que não oferece muita resistência. Segundo a companheira da vítima, Maria Fabiana dos Santos, populares que presenciaram o ocorrido chegaram a alertar aos policiais que Genivaldo tinha problemas mentais, mas de nada adiantou.

“Ele tinha esquizofrenia há 20 anos, mas sempre fez o tratamento, tomava a medicação e de seis em seis meses voltava para consulta com o psiquiatra. Ele fazia questão de fazer o tratamento”, contou Fabiana, acrescentando que em uma situação ocorrida há vários anos, Genivaldo foi alvo de uma abordagem policial e por conta dos seus problemas de saúde ficou paralisado, sem reação, o ocorrido acabou resultando em uma acusação de desacato. Fabiana ressaltou que o companheiro não era violento e, apesar da sua condição de saúde, eles nunca tiveram problemas na convivência de mais de 17 anos. “Era uma pessoa maravilhosa, sempre fazia o bem, sempre pensando em todo mundo”.

A mulher lembrou que ao observar o marido no porta-malas e com a fumaça densa saindo do interior, pediu ao policial para que abrisse para entrar ventilação. “Quando cheguei ele já estava de bruços dentro do carro. Não ouvi mais a fala dele. Trancaram dentro do capô. Pedi que abrissem para poder entrar ventilação, pois o ar estava muito carregado de pimenta e outro gás lá que não sei qual é. O policial falou não, ele tá melhor do que nós porque ai é ventilado”, disse Fabiana, acrescentando que os policiais mandaram que fossem para a delegacia. “Mandaram a gente sair e ir para delegacia, mas quando a gente chegou eles não estavam. ja tinham ido para o o HPP. A médica disse que ele já entrou sem vida, mas ainda fez os procedimentos para reanimá-lo. Depois os policiais foram embora”.

O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), onde foi necropsiado e liberado para o sepultamento. A informação do IML é que a causa da morte da vítima foi asfixia.

Nota da PRF

“Na data de hoje, 25 de maio de 2022, durante ação policial na BR-101, em Umbaúba-SE, um homem de 38 anos, resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe PRF. Em razão da sua agressividade, foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil em Umbaúba.

Durante o deslocamento, o abordado veio a passar mal e socorrido de imediato ao Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito. A equipe registrou a ocorrência na Polícia Judiciária, que irá apurar o caso. A Polícia Rodoviária Federal em Sergipe lamenta o ocorrido e informa que foi aberto procedimento disciplinar para averiguar a conduta dos policiais envolvidos.”

Reação

“É inegável que as imagens são fortes e que transmitem sérios indícios de uma possível negligência na abordagem policial e, nesse momento, não só a OAB, a família, mas toda a sociedade exigem uma resposta rápida das apurações. Caso fique realmente demonstrada a culpa desses policiais envolvidos, a gente exige que aja o afastamento e que eles sejam penalizados. Não é esse tipo de abordagem que a gente espera da polícia”, disse o presidente da OAB, Daniel Costa, em entrevista na manhã de hoje (26), ao programa Jornal da Fan.

O presidente da OAB informou ainda que a Comissão de Direitos Humanos vai acompanhar as investigações. “Vamos mandar documento oficial à Corregedoria para que acompanhe as investigações e vamos nos manter vigilantes, mas muito, extremamente preocupado com as imagens que vi ontem, porque de forma clara se demonstra que não havia risco para a polícia. As imagens mostram que não houve uma reação muito firme da vítima, a gente precisa realmente apresentar uma resposta firme e rápida para toda a sociedade sergipana. Repito, não é esse tipo de abordagem que a gente espera da polícia”.

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