Na noite do dia 19 haverá uma cerimônia particular para os parentes da monarca, antes de seu enterro na capela memorial rei George VI, no Palácio de Windsor.
Proclamações similares às de sábado, que anunciam o início do novo reinado com vocabulário em desuso que remetem às fundações do Estado britânico moderno, continuam a ser lidas por arautos com roupas medievais pelo país neste domingo nas quatro províncias britânicas. Além da Escócia, o Reino Unido é formado por Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales.
Em Edimburgo, a cerimônia começou de manhã com trompetes, tiros de canhão e membros da Companhia Real de Arqueiros, guarda da monarquia na Escócia. Houve também um pequeno protesto antimonarquista, assim como em Gales.
Cerimônias de proclamação também ocorreram em outros países da Comunidade Britânica, como a Austrália e a Nova Zelândia. As repercussões políticas da transição de reinado, contudo, começam a surgir: no poder desde maio, o premier australiano, Anthony Albanese, prometeu que não realizará um referendo que havia prometido para o país se tornar uma República — ele já disse em várias ocasiões ser favorável à mudança. Já a caribenha Antigua e Barbuda promete fazer a votação em até três anos.
Na Irlanda do Norte, a presidente do partido nacionalista Sinn Féin, Mary Lou McDonald, já disse que a legenda, a maior do Parlamento da província, não participará das cerimônias de proclamação. Apesar de reconhecerem “o papel muito positivo da rainha” na reconciliação das Irlandas, disse ela, os eventos para Charles III são “para aqueles cuja aliança política é com a Coroa britânica”.
Na própria Escócia, cabe ver se a morte da monarca vai impactar de alguma forma o sentimento pró-independência: em junho, a premier Nicola Sturgeon reativou a campanha por um novo referendo, defendendo que o país estaria melhor separado de Edimburgo. A contrário do Sinn Féin, contudo, foi anunciado que ela acompanhará o cortejo fúnebre durante sua passagem pela frente do Parlamento escocês.
Charles III, portanto, tem um desafio significativo de desvincular a imagem da monarquia da de Elizabeth II, após sete décadas entremeadas, e ser o novo rosto da Coroa. Sua turnê pelas quatro províncias britânicas nos próximos dias terá um papel importante para que o novo e impopular rei comece a conquistar os britânicos — algo que deve acontecer ao menos enquanto o luto oficial predominar. Neste domingo, receberá também o secretário-geral da Comunidade Britânica e representantes de vários de seus Estados.
Pesquisas do segundo trimestre mostram que a popularidade de Charles como príncipe era de 42% — bem menos que 66% de seu filho mais velho, William, alçado para primeiro na linha de sucessão e promovido pela Coroa como seu futuro. O mesmo levantamento do YouGov mostrava que quatro em cada dez britânicos preferiam que o trono pulasse uma geração.
Fonte: O Globo