A Polícia Civil identificou quatro suspeitos de participação no assassinato de Jonas Lucas Alves Dias, vencedor da Mega-Sena em 2020. Um dos suspeitos foi preso e os demais são considerados foragidos. O prêmio da loteria, que motivou o crime, era de R$ 47 milhões.
Segundo as investigações, a vítima foi sequestrada na manhã da última terça-feira (13), por volta de 6h30, enquanto caminhava em Hortolândia, interior de São Paulo. Cerca de duas horas depois, os criminosos tentaram transferir R$ 3 milhões da conta do ganhador da Mega-Sena, mas não conseguiram.
Na manhã do dia seguinte, Jonas foi encontrado ferido e inconsciente em um trevo de acesso à Rodovia dos Bandeirantes. Foi encaminhado em um hospital, mas acabou morrendo.
Ontem (17), a polícia prendeu Rogério Espíndola em Santa Bárbara d’Oeste (SP), a cerca de 35 quilômetros de Hortolândia.
Segundo a investigação, ele estava em um dos dois veículos que abordaram a vítima. Espíndola tem passagem na polícia por homicídio.
A reportagem ão encontrou a defesa do suspeito. De acordo com a polícia, Espíndola nega participação no crime. O caso é investigado como extorsão mediante sequestro.
Três suspeitos são procurados pela polícia
Foram expedidos mandados de prisão para outros três suspeitos. Um deles é uma mulher que seria a responsável pela conta para onde os criminosos enviaram um Pix com dinheiro da vítima. Ela também teria participado da abordagem da vítima.
“[Os criminosos] não eram pessoas preparadas para esse crime e cometeram muitos erros”, disse Kleber Altale, diretor do Deinter (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior) e um dos delegados responsáveis pelo caso.
A delegada Juliana Ricci, do Deic ((Divisão Especializada em Investigações Criminais), afirma que os quatro suspeitos identificados não tinham relação com a vítima, mas “foram chamados [atraídos] pelo prêmio da Mega-Sena”.
Dinâmica do sequestro. Segundo familiares da vítima, Jonas saiu para fazer uma caminhada na manhã de terça-feira, mas não voltou. Ao final do dia, foi registrado o desaparecimento.
As investigações apontam que a vítima foi capturada a cerca de 100 metros de sua casa e passou cerca de 20 horas com os suspeitos. Ainda não se sabe se os criminosos fizeram uso de cativeiro.
A polícia acredita que os criminosos acharam que a vítima tinha morrido e, por isso, a abandonaram na Rodovia dos Bandeirantes.
“Ainda choveu na noite do mesmo dia. Jonas Lucas estava muito debilitado, desfalecido quase. Por isso eles pensaram em se livrar do corpo”, explica a delegada Ricci. Os médicos constataram que a vítima sofreu traumatismo cranioencefálico.
Tentativa de transferir R$ 3 milhões via Pix
De acordo com a polícia, os suspeitos estavam em pelo menos dois veículos — uma caminhonete S-10 e um Ford Fiesta preto, que foram identificados com o auxílio das imagens de câmeras de monitoramento.
De acordo com as investigações, logo após o sequestro, por volta de 08h30, os criminosos usaram o Fiesta para ir até uma agência da Caixa Econômica Federal, em Campinas.
Um dos suspeitos desceu do carro com o cartão e a senha da vítima. A ideia era tentar cadastrar uma chave Pix para fazer uma transferência de R$ 3 milhões.
A transferência não deu certo, porque o gerente do banco estava de férias e algumas perguntas, que foram feitas via WhatsApp, não foram respondidas corretamente.
Saques de valores menores foram efetuados
Uma transferência bancária de R$ 17,8 mil, no entanto, foi efetuada. A responsável por essa conta bancária que está na lista de suspeitos também.
A investigação encontrou um chinelo e um boné dele no local em que a vítima foi encontrada.
Vida simples
Apesar de ter levado o prêmio milionário em 2020, vizinhos afirmam que Jonas manteve uma vida “simples”. Reportagem do UOL mostrou que a rotina dele incluía, por exemplo, idas ao bar e presentes aos amigos.
Jonas era vendedor de uma loja de ferramentas e utilizou o dinheiro que recebeu da loteria para não exercer mais a função. O comércio era de propriedade dele com mais dois sócios e ele saiu do negócio em março deste ano.
Fonte: Uol