Tarcísio declarou que existe a clara influência do Primeiro Comando da Capital (PCC) na economia do estado. Segundo ele, o PCC controla mais de mil e cem postos de combustíveis e está iniciando a aquisição de usinas de etanol. Disse ainda que o PCC utiliza a intimidação para adquirir cana-de-açúcar a preços abaixo do mercado, prejudicando produtores rurais e concorrentes. O governador fez um alerta para os dois principais problemas relacionados às facções: a lavagem de dinheiro através de negócios lícitos e o comando territorial.
Mas o que isso tem a ver com os postos de combustíveis? Por que o crime tem esse interesse em negócios lícitos? – A resposta é: Lavagem de dinheiro.
A lavagem de dinheiro ocorre quando você tem como produzir ou vender algo por um preço e poder declarar isso ao fisco com outro valor maior. a diferença é injetada no caixa da empresa com dinheiro conseguido de forma ilegal e assim, pago os devidos tributos, o dinheiro sujo passa a circular na economia de forma limpa. Vem daí a expressão: Lavagem de dinheiro.
Isso é possível nos postos de combustíveis? Muito mais que possível, “é uma mão na roda” para o crime. Veja que a maior carga tributária é incidida na fonte, com isso o governo não se preocupa em verificar preços de entrada e saída. O mercado de combustíveis tem muita liquidez e pouca necessidade de escrituração fiscal, com isso sobra oportunidades para os bandidos aproveitarem a emissão de notas fiscais, de clientes que não pediram a sua, e super faturar ganhando margem para lavar dinheiro do crime.
Uma das melhores ações para acelerar esse processo é vender mais e para isso, o posto dominado pelo crime organizado, derruba os preços como forma de aumentar o volume. Como usa dinheiro sujo e muitas vezes tem produtos roubados e adulterados, mesmo vendendo muito mais barato que o concorrente, aquele revendedor que trabalha correto, ainda chega a ganhar o dobro de quem paga os impostos e não sonega. O mercado consumidor agracia o que baixa os preços e chama quem trabalha direito de LADRÃO! Claro que a falta de conhecimento é base para esse tipo de comportamento.
“Há muito se sabe que o setor de combustíveis é usado para financiar o crime organizado por meio de fraudes do produto. Há também as fraudes das pessoas jurídicas, que exploram negócios relacionados aos combustíveis, desde postos de gasolina até estruturas mais sofisticadas. Existem também pessoas jurídicas que não pagam tributos, que são constituídas para explorar negócios relacionados ao combustível. Não é só uma questão de sonegação e, consequentemente, de concorrência desleal com quem paga tributos.” (Instituto Combustível Legal).
Como o consumidor pode se informar e evitar abastecer em postos que podem ser controlados por criminosos? Realmente não é uma tarefa fácil. Um dos faróis indicativos é a grande disparidade de preços. Devido a forma como o mercado de combustíveis foi concebida e montada durante décadas, não tem como a diferença de preços entre postos ser mais do que 5% a 7%. Esse numero é um balizador referencial mas não exato.
Quer saber mais? Indico para vocês o livro: O Consumidor tem pressa: Corra com ele ou corra atrás dele, ed. literando. Neste livro, eu falo muito sobre essa questão da multicanalidade, sobre o impacto das redes sociais no varejo. Sobre como a questão da memória influencia no processo decisório do consumidor. Para adquirir o livro é só entrar no site ou app da Amazon e pesquisar pelo título do livro, comprar e receber na sua casa.
Roberto James, Autor & Mestre em Psicologia. Especialista em comportamento do consumidor