ARACAJU/SE, 2 de fevereiro de 2025 , 13:55:20

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Cuidado: “café fake” aparece nos mercados

 

A comercialização de produtos conhecidos como “café fake” ou “cafake” tem gerado grande preocupação no setor cafeeiro brasileiro, especialmente em um momento de alta histórica nos preços do café verdadeiro. O café arábica, por exemplo, atingiu recentemente 3,8105 dólares por libra-peso na bolsa de Nova York, reflexo de uma frustração de safra no Brasil, maior produtor mundial do grão. Essa valorização tem levado ao aumento dos preços no varejo, tornando o café verdadeiro um produto cada vez mais caro para os consumidores.

O que é o “café fake”?

O “café fake” é um produto que imita o sabor do café, mas não contém o grão torrado e moído. Em vez disso, é produzido a partir de cascas, palha, folhas ou outras partes da planta de café, exceto a semente. Um exemplo recente foi identificado em Bauru, São Paulo: um produto chamado “Oficial do Brasil”, rotulado como “bebida sabor café tradicional”. Apesar da indicação na embalagem de que não se trata de café puro, o design semelhante ao das marcas tradicionais pode confundir os consumidores.

O preço médio do “café fake” é significativamente inferior ao do café tradicional. Enquanto meio quilo do produto falsificado custa cerca de R$ 13,99, o mesmo peso do café verdadeiro chega a R$ 30 no varejo. Essa diferença atrai consumidores em busca de alternativas mais baratas, mas levanta preocupações sobre a qualidade e segurança alimentar desses produtos.

A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) classificou a prática como uma “clara tentativa de enganar o consumidor”. Segundo Celírio Inácio da Silva, diretor-executivo da entidade, a venda desses produtos vai contra os esforços da indústria para garantir a pureza e qualidade do café brasileiro. Além disso, há riscos à saúde dos consumidores devido à falta de regulamentação adequada. A Abic já denunciou o caso ao Ministério da Agricultura e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Supermercados sob alerta

A Abic também destacou que os supermercados têm responsabilidade sobre os produtos que comercializam. Segundo Silva, ao vender “cafakes”, os varejistas podem estar cometendo um crime ao oferecer produtos que burlam as normas regulatórias. A associação reforça que esses itens não deveriam estar disponíveis no mercado sem comprovação de segurança alimentar.

Embora a prática não seja nova – produtos semelhantes foram identificados em 2022 –, a alta nos preços do café verdadeiro criou um terreno fértil para o retorno desses itens. A Abic lembra que iniciativas anteriores, como o selo de pureza lançado pela entidade, ajudaram a combater misturas inadequadas no passado. No entanto, o aumento atual nos custos da matéria-prima reacendeu o problema.

A venda de “café fake” representa um desafio tanto para a indústria quanto para os consumidores. Enquanto o setor busca proteger a reputação do café brasileiro, os consumidores precisam verificar as informações nas embalagens para evitar enganos. A Abic segue pressionando por regulamentações mais rígidas e conscientização sobre os riscos associados a esses produtos.

Com os preços do café verdadeiro em alta e a busca por alternativas mais baratas crescendo, é essencial que autoridades e consumidores colaborem para preservar a integridade do mercado cafeeiro brasileiro.

Fonte: AgroemCampo

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