O Brasil é o 5º país no mundo com o maior número de pessoas afetadas pelo diabetes , uma condição crônica que afeta como o corpo produz a insulina , o hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue. E o cenário tende a se agravar: até 2030, mais de 21,5 milhões de pessoas serão afetadas pela doença no país, segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
Entre os sintomas mais comuns e conhecidos, estão a sede e a fome excessiva, além da urina em excesso e perda de peso sem precedentes. Entretanto, existem outros indicativos pouco relacionados ao diabetes que podem ser cruciais para o diagnóstico da doença, como explica a médica endocrinologista Tatiana Denck Gonçalves.
“O diabetes pode acarretar infecções recorrentes, por exemplo, infecção urinária, devido a um sistema imunológico mais comprometido, além de uma cicatrização mais lenta de feridas e cortes”, explica. “Bem como alterações na visão, ou uma acuidade visual um pouco mais comprometida, além da sensação de formigamento ou dormência, principalmente nos pés e nas pernas, também já pode ser um sinal de diabetes (…) esses sintomas podem ser sutis ou facilmente atribuídos para outras condições, tornando o diagnóstico bem desafiador”, diz.
Segundo a médica, se não receber os cuidados devidos, o paciente com diabetes pode ter uma série de consequências e efeitos colaterais, que podem impactar diretamente a autonomia e saúde mental.
“E também a gente vê algum comprometimento do sistema nervoso central cognitivo com maior risco de infecção, possivelmente associado a uma redução de fluxo sanguíneo para o cérebro, acarretado pelo impacto da glicose”, diz.
As consequências entre o diabetes e transtornos mentais se retroalimentam: quem sofre da doença tem mais chances de desenvolver quadros de saúde psicológica . Ao mesmo tempo, aqueles que sofrem dessas condições emocionais são mais propensos a desenvolver o diabetes. A constatação é de um estudo liderado por cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicado na revista científica Diabetes Care.
Para Tatiana, essa relação pode ser explicada pelos estresses causados pelos efeitos colaterais do diabetes, que afetam diretamente o sono, a alimentação e o bem-estar geral.
“O que a gente vê na saúde mental, os pacientes têm uma predisposição maior para ansiedade, depressão, muitas vezes devido até pelo estresse crônico de gerenciar essa condição do diabetes, desse monitoramento diário do açúcar no sangue, da administração, muitas vezes, de insulina, de vários comprimidos, isso pode ser algo bem estressante para o paciente, impactar o bem-estar emocional dele e a qualidade de vida”, explica.
Segundo a endocrinologista, é importante que o paciente “seja abordado numa equipe multidisciplinar, faça um tratamento integral, que possa envolver, muitas vezes, o endocrinologista, um nutricionista, um psicólogo, para ter uma abordagem mais eficiente do ponto de vista também de saúde mental do paciente que vive com diabetes.”
Fonte: IG