Boris Bondarev, um diplomata da missão russa da ONU (Organização das Nações Unidas) em Genebra, na Suíça, entregou o pedido de rescisão ao cargo nesta segunda-feira (23). Ele criticou o presidente russo, Vladimir Putin, por deflagrar a guerra na Ucrânia, que completou o seu 89º.
“É tudo sobre belicismo, mentiras e ódio. Serve aos interesses de poucos, muito poucos, contribuindo assim para um maior isolamento e degradação do meu país. A Rússia não tem mais aliados e não há ninguém para culpar a não ser sua política imprudente e mal concebida”, afirmou Boris Bondarev.
O diplomata descreve “nunca ter se sentido tão envergonhado” de seu país quanto em 24 de fevereiro, data do início da operação militar na Ucrânia.
“Aqueles que conceberam esta guerra querem apenas uma coisa: permanecer no poder para sempre, viver em palácios pomposos e de mau gosto, navegar em iates comparáveis em tonelagem e custo a toda a Marinha russa, desfrutando de poder ilimitado e total impunidade. Para conseguir isso, eles estão dispostos a sacrificar quantas vidas forem necessárias”, escreveu.
A declaração foi publicada em seu perfil no Facebook em inglês e russo. A missão russa em Genebra se recusou a comentar sobre a renúncia.
Bondarev atua na chancelaria do Kremlin desde 2002. Foi consultor sobre não-proliferação nuclear por quase uma década em Moscou e depois na missão permanente da Rússia na ONU e em outras organizações internacionais em Genebra.
Em entrevista à agência de notícias Bloomberg, o diplomata disse que a avaliação de Moscou sobre a duração do conflito foi equivocada. “Acreditava-se que não haveria intervenção Ocidental e que derrotaríamos a Ucrânia em poucos dias”, afirmou.
Para ele, Putin se tornou um “criminoso de guerra e um ditador” e comprometeu o trabalho do Ministério das Relações Exteriores. “Não posso trabalhar com colegas que falam seriamente em lançar ataques nucleares nos subúrbios de Washington para assustar os norte-americanos e fazê-los se render. Essas conversas se tornaram cada vez mais frequentes”, disse.
Nesta segunda, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursou na conferência anual do Fórum Econômico Mundial de Davos. Zelensky convidou multinacionais que fecharam suas sedes na Rússia a migrarem para a Ucrânia.
O presidente ucraniano falou também sobre o plano de recuperação da Ucrânia. Disse que serão necessários US$ 5 bilhões para reconstruir o país e citou o exemplo do ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall, autor do “Plano Marshall” —que ajudou a reconstruir a Europa Ocidental depois da 2ª Guerra Mundial.
Fonte: Poder 360/MSN
