Um dos espetáculos carrega em si uma história de 42 anos e, em cada traço, a sergipanidade enraizada em forma de bonecos. Mamulengo de Cheiroso, uma das companhias de teatro mais tradicionais do estado, foi uma das selecionadas pelo edital do projeto. Com a peça Baile do Cheiroso, os bonecos ganharam vida e encheram a tela da mais intensa cultura sergipana.
“É mais uma força, diante da pandemia. O projeto facilita o fazer artístico, uma das categorias que mais tem passado por dificuldade nesse período. É uma somação de esforços que beneficia a todos: a nós, como incentivo, e ao público, levando arte como forma de entretenimento nessa fase de distanciamento”, destacou Augusto Barreto, mestre bonequeiro, diretor artístico e o mais antigo membro do Mamulengo.
Para o artista, ao longo de quatro décadas, o grupo passou por muitos momentos e a pandemia tem ensinado mais algumas lições.
“É claro que a gente não se acostuma com o que é ruim, com o que traz dor, mas, é um momento para reinventar, diante das dificuldades. Para um grupo que trabalha com a oralidade, com a música, a dramaturgia, temos que repensar as maneiras de levar a tradição, a cultura. Por isso, nos apresentar para câmeras, sem a presença do público, que é tão parte de nós, foi mais uma lição, um novo olhar para as coisas, uma experiência que valeu muito”, reconhece Augusto.
A partir dessa iniciativa da Prefeitura, outro grupo que remodelou o seu fazer artístico foi o Eitcha Companhia de Teatro. Criada em 2011, a partir de um trabalho de educação através da arte em escolas de Aracaju, a companhia segue trabalhando para o público infantil, mas também arrebatando outros públicos com peças que instigam o mundo imaginário e reflexivo. Para o ‘Janela’, o grupo apresentou a peça Tsuru.
Por coincidência ou não, Tsuru é um pássaro feito de origami, considerado um dos mais tradicionais da cultura japonesa, símbolo da saúde e da boa sorte, tão importantes e desejados em tempos de pandemia.
“Víamos rodando o estado com a peça, mas, quando chegou a pandemia, paramos as apresentações. O projeto da Prefeitura veio para dar um novo ar, nos motivar e repensar nossas maneiras de fazer arte. Para se ter uma ideia, nossos ensaios foram realizados por meio de videochamada e boa parte das marcações da peça tiveram que mudar porque tínhamos muita interação com o público, mas foi muito importante para nós, foi uma ajuda necessária, tanto para o bolso como para a nossa arte, como um fomento”, explica o ator e diretor André Santana.
Circo
Se o teatro foi parar nas telas, o circo também. Assim foi a contribuição do Circo Gold Star. Na estrada há 25 anos, o grupo circense levou o picadeiro para o ‘Janela para as Artes’ e abrilhantou as gravações com o mundo encantado onde tudo é possível.
“Estávamos há quatro meses parados, dependendo de doações, então, quando soubemos do edital, nos inscrevemos. Foi um alento para o nosso grupo porque sobrevivemos através do público, o circo é feito disso, então, com certeza, poderemos ter um pouco mais de tranquilidade. Somos, hoje, em torno de 50 pessoas no circo e, com as apresentações paradas, o prejuízo é grande. Participar do projeto foi algo totalmente novo para nós, mas muito produtivo e essencial nesses tempos difíceis. Nos empenhamos em levar toda a alegria do circo para as pessoas que poderão assistir de casa”, destaca o proprietário do circo, Jeová Andrade.
Com esse edital, o projeto resultou na gravação de 90 apresentações artísticas, nas categorias: Música e Artes Cênicas, que contemplam as subcategorias Quinta instrumental, Aracajueiros, Som de Barzinho, Leituras Dramáticas, Espetáculos Cênicos e Solos. Além de mais 30 produções nas Categorias Literatura e Audiovisual, divididas nas subcategorias Prosa, Conto, Miniconto, Crônica, Poesia e Curta Metragem em Dispositivos.
Fonte: AAN