Em processo de reestruturação desde a mudança no comando, em março, a Via, dona da Casas Bahia, tem reduzido o seu quadro de pessoal nas últimas semanas, segundo apurou o Valor. A ideia é enxugar a estrutura de maneira que isso faça parte de um movimento mais organizado de geração de economias e redução de despesas.
Segundo fonte, nesta semana foram cerca de 100 pessoas na área administrativa, e o enxugamento, ainda em implementação, tem envolvido diferentes departamentos, hierarquias (inclusive médio escalão) e negócios. A intenção é ganhar produtividade dentro de um quadro mais enxuto. A Via fechou o ano de 2022 com 46 mil funcionários, segundo formulário de referência entregue à B3 — eram 45,9 mil em 2021.
Segundo informações que têm circulado no mercado desde junho, ao fim desse processo, a redução pode atingir entre 10% a 15% do quadro, a depender do departamento, dentro de uma lógica também de redução de hierarquias e priorização de projetos. Já foi feita também, em junho, uma redução de pessoal no banco digital da rede, o banQi.
Em abril, o Valor noticiou mais detalhes da estratégia a ser implementada pelo grupo com a mudança da direção — saiu Roberto Fulcherberguer e entrou Renato Franklin, ex-CEO da Movida, para liderar a Via (Casas Bahia e Ponto). O executivo Orivaldo Padilha, diretor financeiro, trazido por Fulcherberguer em 2019, também deixou a rede em junho para a entrada de Elcio Mitsuhiro Ito (ex-Iochpe-Maxion).
A nova gestão tentará levar a empresa a voltar a crescer naquilo que ela faz melhor do que os concorrentes, como financiamento e logística, disse uma fonte à reportagem na época. Nos últimos anos, a empresa foi abrindo o leque de operação no on-line. A nova gestão ainda deve ter que trabalhar a perda de confiança de parte dos investidores, segundo alguns gestores ouvidos, algo que se intensificou após o grupo entregar certos indicadores abaixo do esperado.
O Valor ainda apurou que bancos de investimento têm levado para a Via a ideia de avançar numa oferta de ações, aproveitando uma possível “janela” que pode se abrir no segundo semestre, mas não há decisão nesse sentido.
Na avaliação de uma pessoa a par do assunto, é muito mais um desejo dos bancos voltarem a colocar operações na rua, do que um plano organizado dentro da varejista. A empresa ainda perde valor de mercado no ano (14% de queda) e uma oferta levaria à diluição dos sócios.
E como a renegociação das dívidas mais pesadas com bancos relativas a 2023 já foi concluída no primeiro semestre, em cerca de R$ 850 milhões, não haveria uma urgência nesse sentido.
A companhia anunciou em junho a captação de R$ 1,11 bilhão com uma emissão de debêntures, que entrou nesse plano de troca de dívidas.
O valor foi para pagamento de Cédulas de Crédito Bancários (CCB) com vencimentos no segundo e terceiro trimestres, e para um resgate antecipado integral de notas comerciais, também com vencimento no segundo trimestre de 2023.
Outras empresas vêm sendo sondadas pelos assessores de bancos com essa mesma narrativa, de entrarem numa janela de ofertas, considerando que esses coordenadores de ofertas passaram meses sem fechar transações e tentam retomar algum ritmo de operações no país, com expectativa de juros em queda.
Fonte: Valor