ARACAJU/SE, 14 de setembro de 2024 , 0:57:28

Educação sexual em escolas sergipanas é abordada em artigo científico

 

A orientação e o esclarecimento de adolescentes e jovens em temas como transmissão de doenças e infecções, educação sexual e saúde reprodutiva também vem sendo trabalhada em projetos desenvolvidos por universidades. Um deles foi a pesquisa ‘Estratégia para reflexão e conhecimento compartilhado com adolescentes sobre saúde sexual e reprodutiva’, realizada pela Universidade Tiradentes (Unit), através do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA), entre 2017 e 2018.

Um artigo científico sobre essa pesquisa, publicado em setembro de 2023 na revista Interfaces Científicas – Saúde e Ambiente, editada pela Editora Universitária Tiradentes (Edunit), foi um dos premiados no XII Prêmio João Ribeiro, realizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec) e entregue na última segunda-feira, 26. Ele fez parte do projeto de iniciação científica da pesquisadora Magna Kelly Barbosa dos Santos, que na época era aluna do curso de Biomedicina da Unit, atuou como bolsista de iniciação científica e recebeu o terceiro lugar do João Ribeiro na categoria Jovem Cientista, dentro da subcategoria Cientista Júnior.

O trabalho envolveu 250 adolescentes e jovens que estudavam o Ensino Médio em escolas da rede estadual de ensino nos municípios de Carmópolis e Nossa Senhora do Socorro, Eles receberam oficinas temáticas semanais com a utilização de materiais didáticos lúdicos (maquete, álbum seriado, tabuleiro, memes, entre outros), tratando de temas como sexualidade, IST, gravidez planejada (métodos contraceptivos e mudanças hormonais na puberdade) e zika vírus/vírus oropouche e comorbidades.

“Na época, o zika vírus era um tema muito relevante, devido a associação deste vírus com o desenvolvimento de crianças com microcefalia. Além disso, o tema de prevenção de IST’s, e gravidez indesejada sempre é pertinente no meio adolescente, pois é uma fase de descobertas, curiosidades sobre o corpo. Sendo assim, é de suma importância alertar sobre prevenção e riscos dessas doenças”, destaca Magna, referindo-se a uma epidemia de zika vírus que já tinha se espalhado pelo Brasil na época.

Para Kelly, um aspecto que mais chamou a atenção no projeto foi a vulnerabilidade da sociedade em relação à falta de conhecimento e tabus impostos às mulheres sobre a gravidez. “Na época da pesquisa, existiam muitas adolescentes grávidas sem ter o planejamento e o índice de Infecções sexualmente transmissíveis era altíssimo. Muitos dos adolescentes sequer sabiam que o uso de preservativo diminuía muito as chances de contrair infecções, pensavam que o preservativo era utilizado apenas como meio de evitar uma gravidez”, conta ela.

A professora Cláudia Moura de Melo, do PSA, que foi orientadora da pesquisa, pontua que a saúde sexual e reprodutiva ainda é um tema cercado de tabus, seja pela falta/escassez de conhecimento ou por preconceitos. Ela cita que, segundo estatísticas, um em cada sete nascimentos é oriundo de mães adolescentes, sendo contabilizados cerca de 20 mil nascimentos em mães de até 14 anos em 2020, e que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que haja mais de um milhão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) adquiridas por dia em todo o mundo, sendo a maioria assintomática.

“Desta forma, é importante sempre trazer a reflexão a importância de se investir na educação em saúde junto à comunidade (pais, professores, escolares) de modo constante e assíduo, não apenas em cenários de crise médica e sanitária, com o objetivo de mitigar o desconhecimento e práticas inseguras em torno de temáticas carregadas de tabus e mitos, como da vivência da sexualidade em adolescentes”, alerta Cláudia.

Magna lembra que estudava o Ensino Médio na época do projeto e entrou para a equipe após um convite da professora Cláudia que já atuava junto ao Laboratório de Doenças Infecciosas e Parasitárias (LDIP), do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). Como bolsista de iniciação científica, Magna ajudava os pesquisadores na rotina do laboratório, na entrega de relatórios, nas pesquisas bibliográficas sobre o tema, na confecção de materiais para o projeto (banner, material lúdico, cartilhas) e na apresentação em eventos científicos.

“A Magna Kelly é uma garota inteligente e focada nas atividades da pesquisa. Seu Plano de Atividades foi muito bem executado, especialmente com relação aos espaços e estratégias de diálogo/socialização com os adolescentes, na confecção e aplicação dos materiais didáticos lúdicos e na construção de trabalhos científicos (resumo e artigo científico). Fico feliz que a sua atuação na pesquisa premiada a incentivou na inserção ao mundo da ciência, na graduação durante o curso de Nutrição desenvolvendo projetos de pesquisa de Iniciação Científica e ainda mais saber o quanto ela deseja realizar seu mestrado após a graduação”, elogia Cláudia.

A mesma pesquisa também já recebeu uma menção honrosa na VII Feira de Ciências do Estado de Sergipe, promovida em 2017 pela Associação Sergipana de Ciência (ASCI). Além de Magna Kelly, que hoje faz o curso de Nutrição da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e integra Rede Sergipana de Mulheres na Ciência (Rede SEMCI). o trabaljo teve a participação de uma equipe do Núcleo de Educação Básica (NEB), ligado ao PSA/Unit, composta pelas pesquisadoras Herifrânia Tourinho Aragão (que era aluna de mestrado do PSA), Caline Santos Cavalcante (também aluna de iniciação científica da época) e Jéssy Tawanne Santana (egressa de Enfermagem e atual doutora do PSA).

Fonte: Asscom Unit

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