Por Karla Pinheiro/CS
Em greve há 120 dias, os peritos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) atribuem o prolongamento da greve ao Governo Federal, o qual não negocia com a categoria. De acordo com o representante dos peritos em Sergipe, o Governo tem adotado a política da greve de fome, através do corte de ponto dos servidores.
“O grande responsável pelo prolongamento da greve é o Governo Federal. Ao invés de encaminhar uma proposta unilateral para nossa representação nacional, encaminha e-mails para os servidores individualmente na intenção de minar a greve, e as propostas que encaminha não atende nossas reivindicações, então, ficamos de mãos atadas, sem saída, porque o Governo não negocia”, aponta Rômulo Nascimento, delegado local da Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP).
Segundo o representante, essa á a maior greve do serviço público do Brasil com corte salarial. Desde outubro que o Governo autorizou o corte do ponto dos servidores em greve, eles recebem apenas os dias trabalhados. Na regional de Aracaju (que engloba o estado inteiro) os peritos mantêm efetivo de 40%.
“Essa é a política adotada pelo Governo, fazer com que os servidores encerrem a greve por fome, cortam o ponto e tentam vencer pelo cansaço. Conseguimos liminar derrubando o corte, o Governo descumpriu e depois simplesmente a ministra extinguiu as liminares”, diz.
ANMP
De acordo com o levantamento da ANMP, por dia, das 15.375 mil perícias agendadas pelo INSS no país, apenas 3.680 mil foram realizadas na data marcada, totalizando 11.695 mil atendimentos remarcados em função da greve. Com 31,5% de peritos trabalhando, em 100 dias de greve, o saldo de perícias não realizadas ultrapassa 1,7 milhão.
Em Sergipe, são 31 peritos que fazem o trabalho de perícia médica para auxílio doença e para os demais servidos realizados pelos profissionais. De acordo com Rômulo cada perito realiza em média 15 perícias por dia e que o estado precisa no mínimo do dobro do ser efetivo para atender a demanda.
“O Governo agenda as perícias em um volume maior do que podemos atender e o que acarreta em tumultos nas agências e nós peritos é que levamos a culpa que na verdade é do Governo que é o gestor do sistema. O tempo médio para cada perícia estipulado pelo Governo é de 20 minutos, mas esse tempo varia de acordo com a complexidade de cada caso, mas isso não é levado em conta. Em outros estados, a exemplo de Alagoas, o INSS tem optado pela terceirização, essa é uma das novas reivindicações de greve, a não terceirização do serviço”, conta Rômulo.
A categoria luta pelo aumento de efetivo através do concurso público, regularização da carreira através da legalização da carga horária de 30h, organização do serviço e reposição da inflação de 27%.
INSS
De acordo com a assessoria de comunicação do INSS de Sergipe, as perícias estão acontecendo normalmente, situação contrária ao que é relatado por quem precisa do serviço. O médico, que preferiu não se identificar, está afastado de suas atividades profissionais desde setembro por conta de uma intervenção cirúrgica, e para voltar ao trabalho ele precisa passar pela perícia do INSS. Sua avaliação estava marcada para dezembro, mas a informação passada ao chegar ao INSS foi que não havia médico perito no dia e sua perícia foi remarcada para junho deste ano. Sete meses de espera.