A Escola do Legislativo João de Seixas Dória promove nesta terça-feira (30), a partir das 15h, mais uma edição do Projeto Encontro com o Autor Sergipano. A convidada desta vez é a escritora Maria Otília Cabral Souza, que apresentará seu livro “Lampião: A Construção de um Mito”. O evento é gratuito e aberto ao público. A Escola do Legislativo está localizada na Praça Fausto Cardoso, no centro de Aracaju.
A obra explora como a imagem de Lampião se consolidou como um ícone do Nordeste, detalhando os diversos fatores que influenciaram esse processo, como a fotografia e seu papel simbólico na criação e perpetuação do mito; a literatura de cordel como um gênero épico na construção do herói popular; a abordagem crítica do cinema sobre o mito; a visão romantizada do herói bandido em romances e músicas; e, finalmente, a influência da cultura de massa na transformação da figura de Lampião.
Maria Otília Cabral Souza observa que “O desejo de transformar figuras complexas e lendárias como Lampião em símbolos visuais se intensifica cada vez mais, especialmente na fronteira entre o passado e o presente, onde o desconhecimento faz a necessidade de reinvenção prevalecer. O importante não é ser, mas parecer. É nesse momento que o passado histórico se perde em novas interpretações.” A autora destaca dois episódios significativos de Lampião em Capela/SE, uma história que estava esquecida há mais de 90 anos. “Tenho orgulho de afirmar que apenas duas cidades brasileiras enfrentaram Lampião e seu bando: Mossoró, no Rio Grande do Norte, e Capela, em Sergipe,” afirma.
Maria Otília Cabral é professora e escritora nascida em Capela (SE). É licenciada em Letras – Português pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), scom pós-graduação em Literatura, Cultura e Semiótica pela Universidade Tiradentes (Unit), e em Educação e Gestão Administrativa pela Pio X.
Sobre o livro
A história do cangaço no Nordeste, sempre cheia de novos fatos e detalhes, revela que a tranquila cidade de Capela, em Sergipe, também foi visitada por Lampião e seu grupo, não uma, mas duas vezes.
Na primeira visita, em 24 de outubro de 1929, Lampião enviou um recado ao prefeito Antão Correia de Andrade para acompanhá-lo pela cidade. Ele passou pelo telégrafo e pelo Cineteatro Capela, onde estava sendo exibido o filme mudo “Anjos das Ruas”. Lampião pediu que as luzes fossem apagadas e o filme continuasse, e teria instruído o jornalista Zózimo Lima a não divulgar nenhuma notícia sobre sua presença. Insatisfeito com o filme, Lampião saiu e pediu 20 mil contos de réis ao prefeito, recebendo apenas cinco.
Em outubro de 1931, Lampião retornou a Capela, fazendo reféns nas fazendas e enviando o irmão do vigário para anunciar sua entrada na cidade. Na ocasião, um grupo de moradores, incluindo mulheres, se preparou e se escondeu nas torres da igreja. Lampião achou o aviso demorado e entrou na cidade, sendo recebido a tiros.
*Com informações Agência Alese
