A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou na última sexta-feira, 30, o acionamento da bandeira vermelha patamar 2. Isso significa um acréscimo de R$ 7,877 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
A bandeira vermelha 2 é a mais alta da escala, que começa com verde, depois amarela e vermelha 1 e 2. O aumento da tarifa sinaliza ao consumidor a necessidade de reduzir o consumo. Ela foi acionada por causa do nível baixo de alguns reservatórios e da necessidade de ligar mais termelétricas, que têm custo maior de geração de energia.
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Até essa mudança recente, os consumidores estavam pagando a taxa referente a bandeira verde.
Meta ameaçada
A nova cobrança tem um impacto direto na inflação, que pode fechar o ano acima da meta do Banco Central (BC) que é de 3%, sendo o piso de 1,5% e teto de 4,5%.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses até julho bateu 4,5%, ou seja, o teto da meta. Pelo Boletim Focus divulgado ontem, a projeção para o IPCA de 2024 subiu pela sétima semana seguida, passando de 4,25% para 4,26%, ainda sem considerar o efeito da bandeira vermelha nas contas de luz.
Para o economista da Terra Investimentos, Homero Guizzo, haverá uma alta em torno de 13% no preço da energia em setembro. Isso colocará mais 0,52 ponto percentual ao IPCA deste mês. Ele prevê que o índice de inflação fechará setembro em 0,72%.
Responsável pela área de inteligência da PSR Consultoria, Mateus Cavaliere avalia que a conta terá uma elevação média em torno de 10% este mês.
“Se considerarmos uma residência com um consumo médio de 200 kWh/mês, a conta de luz sairia de R$ 147 para R$ 163, um aumento de R$ 16”, explicou.
Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, prevê um aumento de 12% na conta este mês. Para ele, a bandeira não deve voltar para verde neste ano.
“Até o fim o ano, poderemos ir, na melhor das hipóteses, para bandeira amarela, o que deixaria a conta apenas 3% mais cara do que na bandeira verde. Se ficar em bandeira vermelha 2 até o fim do ano, o IPCA de 2024 vai ficar acima do teto da meta”, disse Leal.
Já o economista da ASA Investments Leonardo Costa espera um aumento médio de 11,5% na tarifa de energia residencial em setembro. Ele atribui sua estimativa à seca que atinge praticamente todo o país.
“A seca pior do que o esperado justificou a elevação do preço da energia elétrica”, afirmou, acrescentando que era esperada bandeira amarela para o mês, não a vermelha.
Sócio da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto projeta uma alta de 0,43 ponto percentual na inflação deste mês. Porém, ele acredita que é viável um retorno da bandeira vermelha para a amarela até o fim deste ano, o que reduziria boa parte desse impacto.
“Ainda não alteramos nossa projeção do ano (IPCA de 4,1%), pois vamos avaliar melhor essa questão hidrológica a fim de definir qual será a premissa de bandeira para o final do ano”.
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, projeta uma inflação de 2024 em 4,45%, bem perto da meta. Sua estimativa de inflação em setembro aumentou de 0,31% para 0,63%.
“Esperamos que a bandeira vermelha 2 vai se repetir em outubro e voltará para amarela nos meses de novembro e dezembro”, disse.
Mercado livre
Maikon Perin, especialista da Ludfor Energia, acredita que o acionamento de bandeira vermelha 2 terá como consequência um reajuste superior a 10%. em setembro.
Perin destaca que, apesar de os preços do mercado livre de energia estarem elevados se comparados com períodos anteriores, o acionamento da bandeira vermelha patamar 2 estimula a migração das unidades consumidoras para esse ambiente de negociação mais competitivo.
Fonte: Exame