A Inteligência Artificial (IA) vem se tornando cada vez mais essencial em diversos setores, e o ambiente eleitoral não fica de fora. Embora o uso dessa tecnologia tenha o potencial de aumentar o engajamento dos eleitores e auxiliar no combate à desinformação, ela também traz à tona preocupações sobre a manipulação de votos e a disseminação de notícias falsas.
O coordenador do Unit Idiomas e membro do Núcleo de Inteligência Artificial Tiradentes (NIArT), professor Artur Campos, afirma que a IA tem o poder de criar campanhas personalizadas que dialogam diretamente com os interesses dos eleitores, tornando a comunicação mais eficaz e promovendo uma maior participação. “Isso é possível por meio da análise de dados demográficos e de comportamento, permitindo segmentar os eleitores e enviar mensagens que estejam em sintonia com suas expectativas”, explica.
Outro benefício destacado é o uso de chatbots e assistentes virtuais para facilitar a interação entre candidatos e eleitores. “Esses recursos educam o público sobre as propostas políticas e ajudam a enfrentar a desinformação. Além disso, a interação em tempo real permite um diálogo contínuo, esclarecendo dúvidas e incentivando uma participação mais consciente”, completa Artur Campos.
Desafios da IA no processo eleitoral
Apesar das vantagens, a utilização da IA nas eleições também apresenta riscos consideráveis. Uma das maiores ameaças identificadas é a disseminação de informações falsas. “Isso ocorre principalmente por meio de deepfakes e bots automatizados, que podem espalhar notícias falsas de forma rápida e ampla. Esse tipo de manipulação pode influenciar a opinião dos eleitores, prejudicando o processo democrático e a confiança nas instituições”, alerta Campos.
A manipulação de votos e interferências nos sistemas eleitorais também são pontos de preocupação. Embora o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adote sistemas rigorosos de segurança, o uso inadequado da IA pode trazer novos perigos. “A IA pode criar algoritmos capazes de interferir na coleta e contagem de votos, embora o TSE possua uma robusta segurança cibernética”, ressalta o professor.
Medidas para prevenir os riscos
Para reduzir esses perigos, Artur Campos defende a adoção de medidas regulatórias específicas. “O TSE pode implementar normas que garantam transparência no uso de algoritmos. Isso incluiria a exigência de que empresas e plataformas digitais revelem como suas IAs filtram ou direcionam conteúdos políticos, além de monitorar ativamente a disseminação de desinformação”, sugere.
Ele também menciona a necessidade de auditorias independentes nos sistemas de IA, aliadas a diretrizes éticas que impeçam o uso malicioso dessa tecnologia. A educação dos eleitores é outro ponto fundamental. “O TSE, junto com organizações especializadas, deve intensificar as campanhas de conscientização digital para alertar sobre como a IA pode manipular informações. Além disso, a aplicação rigorosa de sanções é necessária para evitar o uso indevido dessa tecnologia em campanhas”, recomenda.
Para enfrentar os desafios que a IA traz ao processo eleitoral, Campos sugere o fortalecimento da segurança cibernética. “Governos devem adotar sistemas de criptografia avançada e mecanismos de detecção de ataques baseados em IA. Também é essencial a criação de comitês especializados que monitorem o uso inadequado de IA. O TSE pode formar parcerias com empresas de tecnologia para desenvolver ferramentas que identifiquem e neutralizem essas ameaças em tempo real”, propõe.
Regulamentação e desafios da inovação tecnológica
Um dos maiores obstáculos no uso da IA nas eleições é sua regulamentação. Embora a tecnologia avance rapidamente, é possível estabelecer normas eficazes para mitigar os riscos. “As autoridades brasileiras estão atentas ao uso de novas tecnologias, como mostram suas recentes ações contra a desinformação e fake news. No entanto, a rápida evolução da IA representa um desafio para a legislação, que muitas vezes não acompanha o ritmo das inovações. Por isso, as regulamentações precisam ser flexíveis, e contar com especialistas para garantir que a legislação acompanhe as mudanças constantes no campo da IA”, conclui Artur Campos.
Fonte: Asscom Unit