Um jovem de 19 anos foi preso no sábado (17) suspeito de matar a tiros a namorada, a estudante de psicologia Joana Fabris Deon, da mesma idade. Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, ele teria simulado um assalto após buscar socorro médico para a vítima, mas acabou denunciado pelo próprio pai. O caso ocorreu em Bento Gonçalves, a 123 km de Porto Alegre (RS).
De acordo com a investigação, Joana deu entrada na madrugada de sábado no Hospital Tachini, com ferimentos no tórax resultante de um disparo de arma de fogo. O namorado dela, identificado como Paulo Eduardo Scaravonatto, declarou à BM (Brigada Militar) e à Polícia Civil que a vítima reagiu a um assalto na rua, sendo baleada.
O suspeito foi liberado após o caso ser registrado como latrocínio. Mas horas depois, segundo a delegada Deise Ruschel, o pai do namorado da vítima procurou a Polícia Civil para contar a verdade sobre a autoria da morte de Joana, que seria de Paulo.
A Polícia Civil e a BM confirmaram a versão do pai ao identificarem a presença de sangue na casa do suspeito. Além disso, depoimentos de testemunhas reforçaram a declaração do homem. As provas resultaram na prisão preventiva do namorado após pedido da investigação.
“O pai disse que não se tratava de um roubo e que era mentira a versão. Falou que o filho teria matado a moça. A partir daí, mudamos o delito para feminicídio e passamos a realizar a investigação, com perícia no local e nas imediações”, comentou Deise Ruschel, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher.
Em depoimento, o suspeito afirmou que a arma estava na mão da namorada no momento do disparo. “Ele não confessou nada, mas disse que a vítima estava com a arma na mão e que aconteceu o que ele chamou de acidente. O pai deu bastantes detalhes de como foi a dinâmica e, a partir disso, entendemos que foi o rapaz que matou”, afirmou a delegada.
A arma que matou Joana era de calibre 38 e estava legalizada em nome de Paulo. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito está desempregado e namorava há dois meses com Joana. O UOL falou por telefone com a advogada Manuela Almeida, que atua na defesa dele. A defensora pediu que o contato fosse finalizado por e-mail. A reportagem aguarda o retorno.
Família não acredita em tiro acidental
Joana era filha única e estudava psicologia na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio Grande do Sul.
“Ela tinha uma energia contagiante e sempre tentou me ajudar me dando força depois do meu diagnóstico de câncer. Recentemente tirou a CNH, estudava psicologia e vivia disposta. Todo mundo gostava de estar em volta dela. Tinha um futuro promissor e brilhante”, lamentou Luiz Fabris, de 50 anos, tio da vítima.
Para a família, o suspeito tenta responsabilizar a vítima para se eximir de culpa pelo crime. “A gente não acredita em acidente, mas deixaremos que a Justiça faça o seu trabalho. O que a gente vê é que o algoz deseja responsabilizar a vítima, o que é um absurdo. Ela foi vítima da ingenuidade porque acreditava em todo mundo”, concluiu.
Fonte: UOL