Não bastasse a pressão psicológica diante das ameaças de ter fotos íntimas vazadas na internet, M. G. P. foi instigada pelo ex-namorado a tirar a própria vida, após o fim do relacionamento que começou pela internet. Com a ajuda dos pais, a adolescente, à época com 16 anos de idade, uniu forças para denunciar o caso e superar o trauma.
Essa tentativa de suicídio, ocorrida três anos atrás, em Aracaju/SE, é um dos casos reais que reforçam a discussão sobre o tema no mês de prevenção ao suicídio. A campanha Setembro Amarelo aumenta o alerta para a autoviolência provocada, que envolve automutilação e tentativa e morte por suicídio, principalmente entre jovens. Isso porque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), tirar a própria vida é a segunda maior causa de morte de pessoas com idade entre 15 e 29 anos, no mundo.
Na Universidade Federal de Sergipe (UFS), a psicóloga e professora de Serviço Social, Vânia Carvalho Santos, trabalha com pesquisas relacionadas ao suícidio há cerca de 10 anos, considerando a abordagem de uma série de fatores emocionais, psicológicos e sociais, como angústia, depressão, transtornos mentais e condições socioeconômicas.
“A tentativa e óbito por suicídio se configura como um problema de saúde pública, gerando consequências avassaladoras nas famílias, escolas, universidades e organizações trabalhistas. Na maioria das vezes, os casos representam desmoralização, vasto sofrimento e preconceito social,” ressalta a professora.
“Não se trata apenas de um problema individual, mas sim de um reflexo das interações entre fatores emocionais, psicológicos, sociais, econômicos e políticos. Os números alarmantes de suicídios, especialmente entre jovens, demandam uma ação urgente por parte da sociedade, governos e instituições de saúde mental,” acrescenta Vânia Carvalho.
Em 2020, primeiro ano da pandemia da covid-19, a capital sergipana registrou um crescimento de 40% nas ocorrências de autolesões entre pessoas de 15 a 29 anos, de acordo com dados do boletim epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde.
Estudante do nono período de Serviço Social da UFS, Gabriel Rodrigues está investigando o tema no trabalho de conclusão do curso de graduação. A pesquisa analisa a série histórica de registros de suicídios na capital sergipana, entre os anos de 2012 e 2021, na população de 15 a 45 anos de idade.
O objetivo é descrever a ocorrência dos tipos de suicídio, analisar as variações no número de ocorrências, e identificar as características sociodemográficas das pessoas que cometeram suicídio no período analisado, bem como o número total de casos.
“Esperamos fornecer informações pertinentes sobre o cenário das políticas públicas voltadas para saúde mental para contribuir para o cenário acadêmico e a formulação de novos programas nesta área tão importante para a sociedade,” pontua o estudante.
“É fundamental um esforço conjunto para entender e abordar as causas subjacentes do suicídio, fornecendo suporte adequado às pessoas em situação de vulnerabilidade e promovendo uma sociedade mais inclusiva e empática,” complementa Gabriel.
Veja como buscar ajuda
- Serviço de Psicologia da Assistência Estudantil: o SPAE atende estudantes de graduação presencial da UFS no campus de São Cristovão. Os atendimentos são agendados previamente para às segundas e quartas-feiras, das 8h às 10h, pelo telefone 79 3194 7261 ou whatsapp: 79 98126 7961;
- Serviço de Apoio Psicológico: o SAP é disponibilizado pela Secretaria da Saúde de Aracaju para a população em geral pelo telefone 0800 729 3534, de forma remota, gratuita e sigilosa. Qualquer pessoa maior de 18 anos de idade pode acessar;
- Centro de Atenção Psicossocial: cinco Caps funcionam na capital sergipana em regime de plantão 24 horas por dia; e um em horário comercial, de segunda a sexta-feira. Já os casos de urgência são atendidos pelo serviço de urgência mental do Hospital São José;
- Centro de Valorização da Vida: pelo telefone 188, o CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email e chat;.
Fonte: Ascom UFS