ARACAJU/SE, 19 de julho de 2025 , 1:40:27

Estudo da UFS mapeou áreas com risco de deslizamento no bairro Cidade Nova

Da redação, AJN1

A pesquisa de mestrado realizada pela geóloga Luisa Sampaio Franco, junto ao Programa de Pós-graduação em Geociências e Análise de Bacias, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), sob orientação do professor Felipe Torres Figueiredo, identificou 43 áreas de risco de deslizamento no bairro Cidade Nova, na zona norte de Aracaju, sendo quatro deles de risco muito alto, nove alto, 14 médio e 16 baixo.

De acordo com o trabalho, 1.417 pessoas se encontram em situação de risco de movimento de massa em 356 moradias do bairro. “Conseguimos identificar 80 residências em situação alto risco. Já de muito alto risco, que é uma região que precisa de uma resposta mais emergente e de um monitoramento mais ativo, foram identificadas no bairro 13 casas. Estas informações já foram repassadas para os órgãos responsáveis”, afirma a geóloga.

O coordenador da Defesa Civil de Aracaju, o major Sílvio Prado, destaca que uma das principais atribuições do órgão é atuar para reduzir os riscos e danos sofridos pela população em caso de desastres dessa natureza. Isso perpassa desde medidas de mitigação a estudos de riscos geológicos.

“Com esse dimensionamento, conseguimos saber quantas pessoas residem em área de risco e quantas moradias estão construídas nessas áreas, para que tenhamos um monitoramento para que não haja um aumento de construções nessas áreas, principalmente em períodos chuvosos. Isso permite que tudo seja planejado pelo Município antes de qualquer desastre envolvendo deslizamento de terra e movimento de massa,” ressalta o major Sílvio Prado.

Estudo

O estudo de risco geológico no bairro Cidade Nova foi desenvolvido pela pesquisadora entre os anos 2019 e 2021, sendo dividido em três etapas: pré-campo, campo e análise laboratorial. Segundo Luisa Franco, umas das finalidades desse tipo de pesquisa é “reunir evidências científicas para auxiliar nas tomadas de decisões quanto às ações do poder público nos locais em monitoramento”.

O bairro fica localizado na região norte da capital sergipana, com 821.453 m² de área, é caracterizado por relevo de até 70 metros de elevação em comparação ao nível do mar, com inclinações de encostas alcançando 44°. A geologia do bairro compreende colinas com vertentes íngremes, vales incisos e planícies restritas.

Em virtude das características geológicas da região, bem como dos efeitos do crescimento urbano desordenado, a exemplo do descarte irregular de lixo e construção de moradias de forma inadequada, a localidade tem sofrido ao longo dos últimos anos com o chamado movimento de massa. Isso desde o deslizamento de encostas à ruptura de talude, sobretudo em períodos chuvosos.

Etapas

A primeira etapa da pesquisa buscou formar um banco de dados sobre as características geológicas do local com a coleta de informações, por meio de imagens de satélites e dados fornecidos pela Defesa Civil. O geoprocessamento dessas informações possibilitou a delimitação das áreas mais críticas, que passaram para a análise na segunda etapa do estudo.

“Sabendo desses lugares, onde a moradia está posicionada em relação ao terreno, além de conhecer a probabilidade, por exemplo, daquela região ter uma chuva ou um período do ano mais chuvoso, é possível trabalhar para fazer uma análise prévia dos locais com maior potencialidade de ter um escorregamento,” pontua o professor Felipe Figueiredo.

Com a utilização de drones, a geóloga obteve imagens para facilitar a visualização das áreas de risco. Além disso, os moradores responderam a um questionário através de uma ficha catalográfica com informações sobre a quantidade de residentes em cada casa, o histórico de deslizamentos, a presença de trincas ou rachaduras nas residências.

Ao todo, foram realizadas seis etapas de coleta, sendo elas: vulnerabilidade estrutural das residências, fatores topográficos e geológicos das encostas, caracterização local, feições de instabilidade, histórico de processos e medidas mitigatórias.

“Com todas essas informações coletadas nas etapas de pré-campo e de campo, buscamos definir a partir daí qual o grau de risco que aquela casa avaliada se encontra e quais são as intervenções que são necessárias para aquele local,” ressalta Luisa Franco.

“Essas etapas são importantes para termos uma noção espacial tanto qualitativa como quantitativa dos locais com maior potencial para um evento que possa causar algum dano em bem material e, até mesmo, um risco de perda de vidas humanas,” complementa o professor.

*Com informações da Ascom UFS

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