ARACAJU/SE, 26 de novembro de 2024 , 9:36:00

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Estudo reforça hipótese de que a covid-19 surgiu em mercado de Wuhan, na China

 

Um estudo publicado nesta quinta-feira sobre as origens da covid reforça a hipótese da transmissão do vírus a partir de animais infectados em um mercado da cidade chinesa de Wuhan, no final de 2019. Os cientistas ainda não conseguiram determinar com certeza a origem da covid-19, cinco anos após o aparecimento daquela pandemia que paralisou o mundo. Os primeiros casos foram detectados no final de 2019 em Wuhan, mas duas teorias entram em conflito.

Afirma-se que tudo teve origem em um vazamento de um laboratório onde estavam sendo estudados vírus relacionados com o coronavírus. A outra, que foi transferido para humanos através de um animal intermediário em um mercado daquela cidade, no centro da China. Esta última hipótese é a que tem maior apoio na comunidade científica.

O estudo publicado na revista Cell baseia-se na análise de mais de 800 amostras recolhidas naquele mercado onde eram vendidas diferentes espécies de animais selvagens. As amostras foram coletadas em janeiro de 2020, após o fechamento do mercado, em superfícies planas e bancas de mercado, inclusive de venda de animais silvestres, bem como nos esgotos do local.

Os dados recolhidos, disponibilizados aos investigadores por cientistas chineses, “não permitem afirmar com certeza se os animais [no mercado] estavam infectados”, afirma uma das autoras do estudo, Florence Débarre, do Centro Nacional de Investigação Científica em França (CNRS). Mas “o nosso estudo permite-nos confirmar que no final de 2019 existiam animais selvagens naquele mercado, em particular espécies como cães-guaxinim ou civetas […] e que estes animais estavam presentes no canto sudoeste do mercado, que também é uma área onde foi detectado muito SARS-CoV-2″, o vírus que causa a covid-19, explicou Débarre à AFP.

A presença no mercado destas espécies, identificadas como prováveis ​​hospedeiros intermediários do vírus entre morcegos e humanos, tem sido questionada, e até agora só existiam provas fotográficas e os resultados de um estudo que descreveu os animais vendidos em Wuhan.

Gaiolas infectadas

No âmbito do estudo, foram analisados ​​“carrinhos de animais, uma gaiola, um carrinho de lixo e uma máquina para remover pelos e penas de um posto de vida selvagem” que testaram positivo para SARS-CoV-2. Nessas amostras, foi encontrado “mais DNA de espécies de mamíferos selvagens do que humano”. DNA de espécies como civetas, ratos de bambu e cães-guaxinim foi encontrado nas amostras.

“Estes dados indicam que os animais presentes neste posto libertaram o SARS-CoV-2 detectado no material animal ou que os primeiros casos humanos não notificados de covid-19 excretaram o vírus exatamente no mesmo local que os animais detectados”, explicam os autores do estudo.

Outro elemento apoia a hipótese do mercado como ponto de partida para a propagação do vírus. O estudo determina, com efeito, que a estirpe original do SARS-CoV-2 encontrada nas amostras recolhidas naquele local é “geneticamente idêntica” à da pandemia como um todo.

“Isso significa que a diversidade precoce do vírus é encontrada no mercado, como seria de esperar se este for o local de aparecimento” do vírus, explica Débarre.

Este novo estudo “fornece evidências muito fortes de que as barracas de vida selvagem do mercado […] foram o foco da pandemia de covid-19″, disse James Wood, epidemiologista da Universidade de Cambridge, ao Science Media Center.

“Este trabalho é importante”, avalia, pois apesar dos esforços em “escala global para reforçar a biossegurança nos laboratórios […], pouco ou nada foi feito para limitar o comércio de animais selvagens vivos, a perda de biodiversidade ou as alterações no uso da terra, que são os verdadeiros prováveis ​​impulsionadores do surgimento de pandemias passadas e futuras”, enfatiza.

Fonte: O Globo

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