O empresário Wesley Batista, membro da família que controla a JBS, afirmou ao Financial Times no domingo (6) que os Estados Unidos não produzem carne bovina suficiente para atender à crescente demanda por dietas ricas em proteína, o que tem levado o país a depender cada vez mais de importações.
Segundo Batista, “os EUA enfrentam o preço de carne bovina mais alto da história e precisam importar mais e mais porque a produção não é suficiente para sustentar a demanda”. Dados do Departamento do Trabalho dos EUA mostram que o preço médio da libra de carne moída atingiu US$ 6,32 em agosto, alta de 13% em um ano.
Mesmo após o presidente Donald Trump anunciar em abril uma rodada de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, as importações de carne pelos EUA cresceram 30% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2024. No caso do Brasil, as compras aumentaram 91% antes de recuar em agosto, após o aumento das tarifas.
A JBS, maior processadora de carne do mundo, opera nove unidades nos Estados Unidos, onde está concentrada metade de sua receita global de US$ 77 bilhões em 2024. Batista destacou que as tarifas não afetam significativamente o grupo, já que a maior parte da produção destinada ao mercado americano é feita dentro do próprio país.
O executivo também associou parte do aumento da procura por proteína ao uso crescente de medicamentos para perda de peso baseados em GLP-1, como Ozempic e Mounjaro. “Ninguém sabe exatamente qual é o impacto desses novos remédios, mas algo está acontecendo, porque a proteína virou uma tendência”, disse.
Levantamento do International Food Information Council indica que 71% dos consumidores nos EUA tentaram aumentar o consumo de proteína em 2024, frente a 67% em 2023 e 59% em 2022, reflexo de uma mudança no comportamento alimentar que, segundo Batista, vem sustentando a forte demanda mesmo em meio à alta de preços.
Segundo os jornais O Globo e Folha de S.Paulo, Wesley Batista foi recebido por Trump em semanas antes de o presidente americano fazer um aceno público a Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O empresário teria tido participação central na abertura de diálogo entre os dois governos. Um dos objetivos da gestão Lula é reduzir as tarifas e aumentar a lista de isenções – o que poderia incluir a carne.
Fonte: InfoMoney