Em comemoração aos 90 anos da professora Aglaé Fontes, celebrados no dia 2 de novembro, o Instituto Banese, através do Museu da Gente Sergipana e junto ao Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, realizou uma homenagem surpresa para celebrar sua vida, reunindo inúmeros admiradores da professora. Aglaé foi surpreendida ao fim de um evento no Museu na última segunda-feira (4). Ao final, houve a inauguração de uma escultura da professora, que passa a fazer parte do acervo do Museu da Gente Sergipana.
No evento, houve a exibição de um documentário com roteiro da jornalista Patrícia Cerqueira; apresentação de um jogral composto por amigos presentes na trajetória de Aglaé no teatro, educação, cultura popular e outros âmbitos de sua vida; e apresentação da Chegança e Lambe-Sujo de Laranjeiras.
O superintendente do Instituto Banese, Ézio Déda, revelou parte da relação de Aglaé com a instituição e sua importância para todos. “Ela foi uma das pessoas que participou do processo curatorial de construção do Museu, e depois também como curadora do Largo da Gente Sergipana. É uma pessoa que além da importância, do legado que e da história de dedicação à cultura de Sergipe, também contribuiu muito em nossos espaços. Ela é uma pessoa que uniu o academicismo, com a força da identidade da cultura popular. Saiu dos muros da universidade e chegou perto dessas pessoas que estão no interior do estado sustentando o estandarte da nossa cultura”, detalhou.
Já para o presidente da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), Gustavo Paixão, a historiadora é merecedora de todas as homenagens. “A professora Aglaé, aos seus 90 anos, é uma baluarte da cultura sergipana. Uma pessoa que teve sua vida dedicada à cultura, que tem como sua grande paixão o nosso querido Centro de Criatividade. Toda homenagem à ela é mais do que justa e merecida”, disse ele.
Mais homenagens
A estudiosa se emocionou durante toda a noite. Ao final, foi recebida com um caloroso canto de parabéns, entoado pelo cantor sergipano Lucas Campelo. Quem arrancou muitas lágrimas da aniversariante foi sua filha, Del Alencar, ao cantar as músicas da mãe, acompanhada do público. “Acho importante a homenagem em vida. Não esperava tanto carinho e emoção. Ela foi pega de surpresa e está muito feliz. E nós também!”, exaltou.
A amiga de longa data de Aglaé, Maria das Graças Barreto Souza, conhecida como Gracinha, esteve presente na homenagem e falou sobre a importância da professora em sua vida. “Eu hoje estou com 75 anos de idade e conheci a Aglaé com 5. A gente nunca mais se separou. Fui uma das primeiras alunas da escolinha de música dela, e o trabalho que exerci foi todo através dela. É muito bonito ver uma pessoa com 90 anos, com a capacidade criativa que ela tem”, pontuou.
A jornalista Patrícia Cerqueira, roteirista do documentário, contou um pouco sobre o que a historiadora representa para ela: “O compromisso de Aglaé com a educação e a arte me encantou. Sempre soube do peso do seu nome, do seu trabalho, mas o contato ainda mais próximo com parte das produções dela deixou ainda claro a importância dessa mulher para a história de Sergipe. Ela abriu caminhos para a arte aqui no estado”.
Já o artista visual Elias Santos, responsável pela escultura de Aglaé Fontes, explicou a essência do projeto. “Foi feito um ensaio fotográfico sem que ela soubesse que era para a escultura, e quatro meses de trabalhos para chegar no resultado. É uma escultura de resina e aço, com uma pátria em bronze, e a ideia era captar a intelectual de uma forma introspectiva e relaxada. Foi de uma responsabilidade imensa pela magnitude”, disse ele.
Aglaé Fontes
Aglaé d’Ávila Fontes é sergipana do município de Lagarto. Ela é professora, historiadora, folclorista, escritora, musicista, teatróloga, atriz e uma das maiores especialistas em cultura popular de Sergipe. Seu primeiro marco foi a sua ‘Escolinha de Música’, fundada em 1955.
A intelectual e mediadora cultural criou grupos de teatro, escreveu livros e peças teatrais. Foi produtora e apresentadora do primeiro programa infantil no rádio sergipano: ‘O gato de Botas’, na Rádio Cultura, e geriu importantes instituições e órgãos culturais, como o Centro de Criatividade, do qual também foi idealizadora em 1985; a Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju); e a Secretaria de Estado da Cultura.
Dedicada à literatura e ao ensino, Aglaé foi docente da Universidade Federal de Sergipe (UFS), é imortal da Academia Sergipana de Letras e da Academia Lagartense de Letras. Em 2018, assumiu a presidência do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, e em 2020 foi reeleita presidente da conhecida ‘Casa de Sergipe’.
Personalidade feminina de múltiplos saberes e fascinada em manter viva a cultura sergipana, Aglaé também traz em seu legado a fundação do Grupo de Teatro de Bonecos Mamulengo de Cheiroso, em 1978.
Fonte: Secom