ARACAJU/SE, 13 de agosto de 2025 , 17:00:39

Evergrande será retirada da bolsa dia 25, em marco da crise imobiliária da China

 

O China Evergrande Group anunciou que suas ações em Hong Kong serão retiradas da bolsa, marcando o fim de uma era para a antiga incorporadora que, em seu auge, simbolizava o boom do mercado imobiliário no país.

A empresa, sediada em Guangzhou, informou que a bolsa de valores decidiu cancelar sua listagem, conforme comunicado enviado à bolsa de Hong Kong nesta terça-feira (12). As ações serão removidas em 25 de agosto e a empresa não solicitará uma revisão da decisão da bolsa, acrescentou.

O colapso da Evergrande foi, de longe, o maior em uma crise que afetou o crescimento econômico da China e levou a uma onda recorde de dificuldades entre construtoras. A empresa, que deu seu primeiro calote em um título em dólar em dezembro de 2021, já foi a maior incorporadora do país em vendas e chegou a valer mais de US$ 50 bilhões em 2017, no seu auge.

Em um comunicado separado hoje, os liquidantes nomeados pelo tribunal disseram que a dívida da Evergrande é muito maior do que o estimado anteriormente, e que qualquer reestruturação “holística” está fora de alcance.

O prazo para a retirada da bolsa começou a contar no final de janeiro do ano passado, quando a Evergrande recebeu uma ordem de liquidação de um tribunal de Hong Kong e a negociação de suas ações foi suspensa. Desde então, as negociações permanecem paradas, pois a empresa não cumpriu os requisitos para retomada dos negócios. Em Hong Kong, uma ação pode ser retirada da bolsa se a suspensão durar 18 meses ou mais.

A medida diminui ainda mais as esperanças de recuperação para os acionistas da Evergrande, que viram o valor de seus investimentos evaporar nos últimos anos.

As ações da Evergrande foram negociadas pela última vez a menos de 20 centavos de dólar de Hong Kong em 29 de janeiro de 2024, o que dava à empresa um valor de mercado de HK$ 2,15 bilhões (US$ 274 milhões). A empresa tinha um free float baixo, com seu fundador Hui Ka Yan detendo cerca de 60% das ações.

“Independentemente da retirada da bolsa, os acionistas da Evergrande provavelmente terão que se preparar para uma perda quase total”, disse Kristy Hung, analista da Bloomberg Intelligence, antes do anúncio. “A liquidação da incorporadora e as reivindicações substanciais dos credores que têm prioridade indicam que os acionistas enfrentam um risco material de não receber nada.”

“Era de ouro acabou”

Outras incorporadoras chinesas enfrentam riscos semelhantes de serem retiradas da bolsa, segundo o último levantamento da bolsa. Entre elas estão construtoras de médio porte como a Modern Land, que está suspensa há mais de 16 meses, e a Dexin China Holdings, que recebeu uma ordem de liquidação em junho do ano passado.

Para retomar as negociações, algumas delas terão que apresentar resultados auditados atualizados, ter pedidos de liquidação retirados ou rejeitados, ou ter os liquidantes dispensados.

“A era de ouro do mercado imobiliário acabou”, disse Glen Ho, líder de planejamento de contingência e insolvência da Deloitte para a Ásia-Pacífico. “O modelo de negócios para as incorporadoras mudou totalmente.”

A Evergrande ainda tem duas outras unidades listadas em Hong Kong — uma prestadora de serviços imobiliários e uma fabricante de veículos elétricos. A China Evergrande New Energy Vehicle Group Ltd., que está suspensa desde abril, pode ser retirada da bolsa, escreveram os analistas Andrew Chan e Daniel Fan, da Bloomberg Intelligence, em nota recente.

Após sua listagem em 2009 sob o código 3333, a Evergrande se tornou uma das ações mais quentes da China em seu auge, impulsionando o fundador e presidente Hui a se tornar a segunda pessoa mais rica da Ásia. Grande parte da riqueza conhecida de Hui vinha de sua participação majoritária na Evergrande e dos dividendos em dinheiro que recebia da empresa.

A repressão de Pequim ao setor imobiliário desde 2020 limitou a capacidade de empréstimos da incorporadora, cortando efetivamente seu acesso aos mercados de crédito. Após tentativas fracassadas de reestruturação, a Evergrande recebeu uma ordem de liquidação em Hong Kong em 2024. No mesmo ano, um tribunal da China continental aceitou um pedido de liquidação contra uma de suas principais unidades on-shore.

Dívida de US$ 45 bilhões

A dívida da Evergrande soma US$ 45 bilhões, segundo os liquidantes nomeados pelo tribunal.

A empresa enfrenta 187 reivindicações de dívida, com o valor total muito superior aos US$ 27,5 bilhões de passivos divulgados em seu balanço de dezembro de 2022, disseram os liquidantes em um relatório de progresso divulgado na terça-feira. O novo valor não deve ser considerado final, pois outras reivindicações podem surgir e todas estão sujeitas a revisão formal.

Os liquidantes disseram que a realização de ativos até agora foi “modesta”, totalizando US$ 255 milhões. Cerca de US$ 167 milhões foram “transferidos” e vinculados à Evergrande. Os envolvidos não devem presumir que todo esse dinheiro estará disponível para a empresa devido às estruturas complexas de propriedade, acrescentaram.

Fonte: InfoMoney

Você pode querer ler também