A partir dos resultados obtidos no primeiro semestre de 2025, estima-se que o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) disponha de R$ 52,6 bilhões para aplicação em 2026. O montante representa um aumento de 11,1% nos recursos em relação ao orçamento de 2025. A projeção foi divulgada pelo Banco do Nordeste (BNB) nesta terça-feira (3), durante o evento de abertura institucional da Programação do FNE para 2026.
De acordo com o BNB, o volume total de aplicações do FNE em 2024 foi de R$ 44,8 bilhões. Até o fim do mês de julho deste ano, foram aplicados R$ 29,2 bilhões da meta de R$ 47,3 bilhões. A programação para o ano de 2026 do FNE prevê que os recursos sejam aportados de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), com foco em infraestrutura urbana, saneamento básico, turismo, cultura e economia criativa, apoio a projetos de inovação, ao desenvolvimento territorial, e à agricultura familiar.
Em nome do ministro Waldez Góes, o secretário Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros, Eduardo Tavares, destacou a relevância do FNE como principal fundo do Brasil destinado à redução de desigualdades e à promoção de desenvolvimento sustentável e inclusivo. “Ainda vivemos com indicadores abaixo da média nacional, e em regiões como Norte e Nordeste a cobertura de saneamento e gestão de resíduos sólidos é insuficiente. Precisamos fortalecer esses instrumentos e reconhecer o engajamento do Banco do Nordeste com a inovação”, ressaltou Tavares.
A previsão de aumento na disponibilidade dos recursos do FNE para 2026 se deve, principalmente, ao crescimento da autoalimentação do fundo. Segundo o superintendente de Políticas de Desenvolvimento Sustentável do BNB, Irenaldo Rubens Soares, o retorno dos financiamentos já concedidos tem crescido de forma consistente: em 2022, R$ 16,2 bilhões dos R$ 27,3 bilhões do fundo vieram de retornos de crédito, e essa parcela deve crescer 144,1% até 2026, superando os repasses do Tesouro Nacional.
“Hoje, quem mais fornece recursos para o FNE é a autoalimentação do fundo. O retorno dos financiamentos cresce mais do que os repasses do Tesouro Nacional”, afirmou Soares. “Por isso se busca projetos de qualidade e a redução da inadimplência”, completou, indicando que esses cuidados fortalecem a capacidade do FNE de apoiar setores prioritários da região.
Em vídeo apresentado durante a reunião, o presidente do BNB, Paulo Câmara, destacou a importância das diretrizes estabelecidas a partir de 2024 pela Sudene e pelo MIDR. Pelo menos 62% dos recursos devem ser aplicados em setores prioritários, com foco em micro e pequenas empresas, microprodutores rurais e agricultores familiares, conforme determinação do presidente Lula. “Em 2024, o FNE financiou R$ 44,8 bilhões em investimentos. Considerando os R$ 29,2 bilhões contratados apenas no 1º semestre de 2025, teremos mais números recordes esse ano”, afirmou Câmara.
Integração com a Indústria
Neste ano, a integração do FNE com outras políticas públicas dará destaque à Nova Indústria Brasil (NIB), com foco nos crescentes financiamentos à indústria e nas conexões com linhas do fundo e programas como o Novo PAC e ao Plano de Transição Ecológica. Segundo o diretor de Planejamento do BNB, José Aldemir Freire, o banco financiou cerca de R$ 2,5 bilhões para a indústria em 2022. “Em 2026, a expectativa é ultrapassar R$ 6 bilhões, praticamente triplicando o volume de recursos voltados ao setor”, apontou.
Freire também informou que está em andamento o edital Chamada Nordeste, iniciativa conjunta do BNB, BNDES, Finep, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, com R$ 10 bilhões disponíveis para projetos da NIB. As cinco frentes prioritárias do edital são: energias renováveis, bioeconomia, descarbonização, data center verde e indústria automotiva.
Até a próxima semana, será divulgada a prévia do volume de demandas pelo edital. “A nossa expectativa é que, oferecendo R$ 10 bilhões, a demanda seja pelo menos cinco vezes maior do que o valor disponível”, observou o diretor de Planejamento do BNB.
A aplicação dos recursos do FNE, além de cumprir as diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, com destaque para 15 dos 17 objetivos globais.
Fonte: Ascom MIDR