A onda de fogo que atinge o Brasil e outros países da América do Sul pôde ser vista do espaço a mais de 1,5 milhão de quilômetros da Terra. Imagens produzidas neste domingo pelo satélite da Nasa Deep Space Climate Observatory (DSCOVR) mostram a fumaça acumulada no noroeste do país, que se transforma em uma coluna que desce até o litoral de São Paulo e segue pelo Oceano Atlântico.
O satélite, lançado pela NASA em 2015, foi projetado para monitorar tanto o clima espacial quanto o ambiente da Terra. Localizado no ponto de Lagrange 1 (L1), a cerca de 1,5 milhões de quilômetros da Terra, entre o nosso planeta e o Sol, o DSCOVR oferece uma perspectiva única para observar a interação entre o Sol e a Terra. Este ponto está em equilíbrio gravitacional, permitindo que o satélite mantenha uma posição estável para observações contínuas.
A partir da seca, o Brasil vem sofrendo com a alta de queimadas, que leva consequências às cidades do Norte e do Sul. Isso também contribui para o aumento das temperaturas. Além dos municípios do Norte estarem sofrendo com as queimadas da própria Amazônia, os estados do Sul e do Sudeste recebem a fumaça, já que um corredor de vento se desloca do Norte ao Sul do país, no momento.
No final de semana passado, foram registrados 7028 focos de calor no país, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Em julho e agosto, o número bateu recorde em diversos locais, inclusive na Amazônia, onde o nível de chuva está abaixo do normal, afetando as bacias hidrográficas e tornando a vegetação mais suscetível ao fogo.
Equipado com uma variedade de instrumentos, o DSCOVR coleta dados essenciais sobre o ambiente espacial e o clima da Terra. O Magnetometer (MAG) e o Plasma Wave Instrument (PWI) medem o campo magnético e as partículas carregadas no vento solar, enquanto os instrumentos EPI-Hi e EPI-Lo monitoram as partículas energéticas. A Earth Polychromatic Imaging Camera (EPIC) captura imagens detalhadas da Terra, fornecendo informações sobre a atmosfera e a superfície do planeta.
Os dados coletados pelo DSCOVR são fundamentais para prever tempestades solares e eventos espaciais que podem afetar as comunicações e sistemas de navegação na Terra. Além disso, as imagens da Terra ajudaram a monitorar mudanças climáticas, crescimento da vegetação e cobertura de nuvens, fornecendo insights valiosos sobre o ambiente terrestre. A capacidade do satélite de observar continuamente o Sol e o espaço ao redor da Terra contribui significativamente para a compreensão dos impactos do clima espacial.
Fonte: O Globo