Fundador e ex-principal acionista da rede varejista Ricardo Eletro, o empresário Ricardo Nunes foi preso, na manhã desta quarta-feira (8), em São Paulo, durante a operação “Direto com o Dono”, de combate à sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no estado de Minas Gerais. A força-tarefa é composta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Receita Estadual e Polícia Civil.
Na ação foram cumpridos mais dois mandados de prisão na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG) que, tiveram como alvos a filha do empresário, Laura Nunes; e o irmão dele, Rodrigo Nunes.
De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, as empresas da rede de varejo são acusadas de cobrar dos consumidores, embutido no preço dos produtos, o valor correspondente aos impostos, e não fazer o repasse. As investigações apontaram que em cinco anos teriam sido sonegados cerca de R$ 400 milhões em impostos.
A operação “Direto com o Dono” também cumpre 14 mandados de busca e apreensão nas cidades mineiras de Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima; e em São Paulo, na capital e Santo André.
Investigações
De acordo com o Ministério Público, “o inquérito corre sob sigilo, mas as provas já colhidas denotam a participação efetiva deste alvo na administração da empresa. Há inúmeros indícios de que esta administração fática ainda é realizada pelo alvo principal da operação”.
A fim de garantir o ressarcimento dos prejuízos aos cofres mineiros, a Justiça também determinou o sequestro ao equivalente a R$ 60 milhões em bens imóveis atribuídos a Ricardo Nunes – ainda que muitos deles, segundo os promotores responsáveis pelo caso, estejam registrados em nome de parentes do empresário. De acordo com o Ministério Público, a medida é necessária pois a Ricardo Eletro encontra-se em situação de recuperação extrajudicial, “sem condições de arcar com suas dívidas, já tendo fechado diversas unidades e demitido dezenas de trabalhadores”.
No total, a Operação Direto com o Dono mobiliza três promotores de Justiça, 60 auditores-fiscais da Receita estadual, quatro delegados e 55 investigadores da Polícia Civil.
Ricardo Eletro
Em nota, a Ricardo Eletro informou que Ricardo Nunes e familiares não fazem parte do seu quadro de acionistas e nem mesmo da administração da companhia desde 2019.
“A Ricardo Eletro pertence a um fundo de investimento em participação, que vem trabalhando para superar as crises financeiras que assolam a companhia desde 2017, sendo inclusive objeto de recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019”, diz a nota.
A Ricardo Eletro esclareceu que “a operação realizada hoje (8) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e pela Polícia Civil, faz parte de processos anteriores a gestão atual da companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, não tendo ligação com a companhia”.
Em relação à dívida com o estado de Minas Gerais, a Ricardo Eletro disse que “reconhece parcialmente as dívidas e, antes da pandemia, estava em discussão avançada com o estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais”.
A nota diz ainda que a Ricardo Eletro se coloca à disposição para colaborar integralmente com as investigações.
A defesa de Ricardo Nunes ainda não se pronunciou
*Com informações G1 e Agência Brasil
*Matéria atualizada às 11h10 para acréscimo de informações